Crítica | 22 Milhas

Escrito por: Pedro Henrique Figueira

em 17 de setembro de 2018

Nos últimos anos, o diretor Peter Berg e o ator Mark Wahlberg vêm fazendo vários filmes em parceria. O Grande Herói (2013), O Dia do Atentado (2016) e Horizonte Profundo: Desastre no Golfo (2016) são os mais recentes, onde todos eles são baseados em fatos reais. No caso de 22 Milhas, trata-se de uma ficção, mas que tem vários elementos e situações da realidade.

Acompanhamos uma operação da Overwatch – unidade tática secreta da qual James Silva, personagem de Walhberg, é um dos oficiais. A nova missão desse grupo é levar para os Estados Unidos um policial corrupto, que possui importantes informações sobre uma carga de material radioativo roubada. No transporte, a equipe terá que lidar com perseguições e emboscadas durante as 22 milhas a serem percorridas até o local do embarque.

A base do roteiro é exatamente essa. Grande parte do desenvolvimento mescla toda a operação com o James sendo interrogado, após o ocorrido. Mesmo que o discurso dele nos antecipe alguns momentos do conflito, a história consegue deixar o espectador curioso sobre toda a resolução. Dessa forma, existe sempre uma apreensão sobre o que virá em seguida.

Dinâmicas e com cortes rápidos, as cenas de ação são o ponto alto do longa. Elas dão bastante ritmo para o filme e demonstram a larga experiência de Peter Berg nesse quesito. Nas mortes e tiroteios é onde ele faz questão de mostrar sangue e fraturas expostas, justificando a classificação de 16 anos. O cenário que é nos apresentado pede esse realismo e deixa tudo mais interessante.

A previsibilidade do roteiro faz com que muitas das surpresas sejam fáceis de deduzir antecipadamente – inclusive o verdadeiro “vilão”, que já se compreende no começo do segundo ato. É tudo bem formulaico e com artifícios fracos para o desenvolvimento da narrativa, deixando 22 milhas apoiado totalmente na ação. O final e muitas questões apresentadas são deixadas em aberto para a confirmada sequência, causando uma certa frustração para o público e terminando em um ponto não tão satisfatório.

Já a maioria dos personagens são problemáticos e sem backgrounds que façam o público sentir muita empatia por eles. Assim, atores como Ronda Rousey e John Malkovich são completamente desperdiçados dentro da trama. A única que possui uma parcela de importância é Lauren Cohan (Alice Kerr), que está ótima no papel de uma mulher forte, mas com seus dramas pessoais.

Mark Wahlberg funciona como o protagonista, mesmo que em alguns momentos esteja exagerado. James é bastante irritante pois isso faz parte da personalidade do personagem. Suas tiradas são boas e causam alguns risos involuntários. Os desnecessários focos no elástico de ansiedade, usado por ele, são os que realmente incomodam.

Porém, a verdadeira estrela é Iko Uwais (Li Noor). O ator indonésio, especialista nas artes marciais, tem sequências de ação excelentes e que são um show à parte. Todas bem coreografadas e demonstrando o talento dele – que também faz bem o lado emocional do personagem.

22 Milhas é um bom filme de ação e vale o ingresso. Quem procura uma trama mais elaborada e totalmente conclusiva pode se decepcionar. A sequência, que já está em desenvolvimento, não só deve responder o que foi deixado em aberto, mas também precisa corrigir as falhas do original. Resta-nos aguardar.

Crítica | 22 Milhas
22 Milhas tem um bom ritmo e se destaca pelas ótimas cenas de ação. Os cortes rápidos deixam as sequências mais dinâmicas e intensas. Os problemas se encontram na previsibilidade do roteiro e no pouco desenvolvimento de seus personagens. Além disso, muitas questões são deixadas em aberto para a futura sequência, prejudicando o resultado final. Destaque para Iko Uwais, que é um verdadeiro talento das artes marciais.
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