Crítica | A Noite Devorou o Mundo

Escrito por: Gabriel Santos

em 05 de julho de 2018

Desde A Noite dos Mortos Vivos (1968) tivemos uma onda de filmes com a temática apocalipse zumbi, nos cinemas. As produções americanas contam com altos e baixos, mas é comum ter esse gênero revisitado até os dias de hoje.

Porém, uma coisa que costumamos não prestar atenção são as produções internacionais. É o caso do coreano Invasão Zumbi, disponível na Netflix, e do francês A Noite Devorou o Mundo, que estreia dia 5 de julho nos cinemas.

Adaptação do romance escrito pelo francês Martin Page, o filme conta a história de Sam (Anders Danielsen Lie), um homem de 36 anos que vai até a uma festa em um apartamento de Paris, mas acorda em um cenário apocalíptico tomado por zumbis. O longa acompanha sua solitária jornada pela sobrevivência.

A produção é centrada em basicamente um personagem, seguindo sua rotina depois do surto, o que envolve captar recursos para sobrevivência, como alimentos e armas. Porém, na maior parte do tempo ele está tentando encontrar algo para fazer e se livrar da solidão de viver em um mundo infestado por zumbis.

O som é um aspecto que chama atenção no longa, principalmente pelo fato de quase não haver diálogos. Por conta disso, o público fica muito mais atento para qualquer ruído que o filme apresenta, aguçando a curiosidade, pois em muitos momentos ouvimos algo para depois vermos o que causou aquele som.

Outro destaque está nos próprios zumbis, que apesar de terem características parecidas com a de outras produções, contam com alguns elementos únicos. Um dos principais é o fato deles serem totalmente silenciosos, o que muitas vezes acaba se tornando desconfortável e inquietante para o público, propositalmente.

Mesmo sendo um longa sobre um apocalipse zumbi, A Noite Devorou o Mundo não é um filme de terror, como é de se esperar. Ele funciona como uma metáfora para a solidão, onde uma pessoa, mesmo em uma multidão, se sente sozinha por ser diferente de todos. Isso é mostrado através dos monólogos do protagonista ou das discussões filosóficas que o filme propõe.

Apesar de que acompanhar o dia-a-dia de Sam seja interessante por um tempo, o longa acaba se perdendo na monotonia, o que se agrava por ser um filme silencioso e centrado em uma única locação: o apartamento. Porém, pela proposta apresentada, esse ritmo é justificável, fazendo com que o público sinta, mesmo que por pouco tempo, a mesma angústia do protagonista.

A produção francesa conta com uma abordagem diferente do que se espera, mas não necessariamente os fãs de zumbis vão sair satisfeitos com o que encontrarão aqui. Mesmo assim, caso esteja cansado da forma como o cinema americano sempre lida com este tema, esta é uma visão diferente.

Crítica | A Noite Devorou o Mundo
A Noite Devorou o Mundo parte de uma proposta diferente em relação a um tema tão comum e explorado no cinema: o apocalipse zumbi.
2.5

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