Criar um filme nem sempre requer um enredo grandioso, fantástico ou épico, com uma grande mensagem no final ou uma revelação que nos faz olhar para o mundo de um jeito diferente. Às vezes, uma história simples pode proporcionar um agradável momento e até mesmo um bom filme. Esse é o caso de Alfa.
Dirigido por Albert Hughes, o longa se passa há 20 mil anos e conta a história de um garoto chamado Keda (Kodi Smit-McPhee). Ele sai em sua primeira caçada mas sofre um acidente, e é dado como morto pelo grupo, tendo assim que sobreviver sozinho até conseguir voltar para casa. No entanto, ele encontra um lobo e cria um vínculo de amizade com o animal.
Essa é toda a história do filme. Tirando algumas cenas de computação gráfica aqui e ali, não há nada a mais a acrescentar. Mesmo assim, isso não é algo ruim. Aliás, consegue até mesmo surpreender com sua simplicidade.
O que mais chama a atenção é sua fotografia digna de um Oscar, dando uma certa personalidade à natureza e o quão grande ela realmente é em relação ao protagonista, misturando locações reais – no Canadá, Islândia e Estados Unidos – e estúdio, para criar um cenário de natureza selvagem e pré-histórica.
Outra característica marcante da obra é a trilha sonora, que tem o papel de complementar os vários momentos artísticos do filme. Como a trama apresenta pouca ação, a música acaba servindo como um som ambiente, ajudando na ideia de grandiosidade. Mas não se engane, pois nos momentos tensos e de caçada, a trilha sonora aquece a ação com tambores e ritmos acelerados, dando velocidade ao que está acontecendo em tela.
A edição, por fim, é a última característica que realmente pesa no filme, com todas as transições de imagem que dão a ideia de passagem de tempo e dão a dinâmica do filme, muitas vezes mudando o ângulo de visão entre o espectador e o personagem, nos colocando “em seus olhos”.
De resto, não há nada que se destaque de qualquer outro longa do gênero. A produção de arte e figurino são muito boas, mas não há nada surpreendente. As roupas, a sujeira no rosto dos personagens e os pertences que eles usam são bem trabalhados para dar uma certa localização histórica, mas é apenas isso.
A atuação é consistente com a proposta do filme, mas nenhum personagem tem tempo de tela suficiente para criar qualquer tipo de vínculo com a plateia. Já que o mais importante é a relação entre o protagonista e seu amigo animal, não há um grande desenvolvimento de personagem.
O objetivo de Alfa é simplesmente impressionar o público com um trabalho de fotografia, música e edição impecáveis. Com um enredo simples e interessante o suficiente para justificar o ingresso, ele cumpre seu papel como um longa sobre a pré-história.