Crítica | Aquaman

Escrito por: Pedro Henrique Figueira

em 12 de dezembro de 2018

Universo Estendido da DC nos cinemas vem acumulando uma série de fracassos – seja por problemas na produção, bastidores ou bilheteria. Mulher-Maravilha, o grande sucesso da casa, se tornou uma luz de esperança para que tudo seguisse melhores rumos. E Aquaman, a nova aposta desse universo, carrega esse sentimento esperançoso mostrando-se um entretenimento de qualidade e um dos melhores filmes do gênero.

Neste filme solo, o Rei dos Mares (Jason Momoa) terá que aprender a agir como um verdadeiro herói. Ao lado de Mera (Amber Heard), ele seguirá por uma jornada épica para que o futuro de Atlantis seja salvo. Tudo isso através de uma explosão de cores que se tornam um verdadeiro deleite visual na tela do cinema.

Essa visão de James Wan traz identidade e originalidade, tanto para o personagem quanto para o longa. Aqui, o Aquaman – eterno alvo de zoações pelo público – ganha uma nova roupagem que deixa de lado o clássico herói, para investir em um personagem piadista, badass e cheio de tatuagens. Ele vai crescendo cada vez mais, ganhando a empatia do público. Mesmo que ele já tenha sido apresentado em Liga da Justiça, é aqui que realmente conhecemos sua personalidade e seu mundo. É importante ressaltar que a ligação com o filme do grupo é praticamente nula, sendo feita apenas por uma linha de diálogo. Um ponto super positivo, pois assim Aquaman funciona sozinho.

O visual tem claras inspirações em Avatar, sendo um espetáculo que salta os olhos. Abraçando o brega e o cafona, o colorido bem iluminado está desde Atlantis até as armaduras, deixando tudo com um ar despretensioso e divertido – afastando-se completamente do clima sombrio e dramático dos outros filmes da DC. Todo o figurino e design de produção são impressionantes, com destaques para as armaduras da Defesa da Fronteira e pro Arraia Negra. O uniforme clássico do Aquaman é belíssimo de se apreciar, sendo uma mistura de algo cartunesco e sério ao mesmo tempo.

Ainda que o movimento dos personagens soe levemente artificial debaixo d’água, o resultado é admirável e funciona. Nessas sequências, os efeitos visuais se mostram bem trabalhados e criam toda a riqueza que envolve os Sete Reinos. Porém, na esperada batalha, o longa cai na mesma armadilha do final de Mulher-Maravilha: quer tornar tudo grandioso e extraordinário, mas deixa uma bagunça visual pela quantidade de elementos e rapidez como são apresentados. É a sequência mais épica da produção, mas não funciona completamente.

Jason Momoa tem limitações na sua atuação. Ele não consegue carregar os momentos mais dramáticos, mas é nítida a sua empolgação e a forma como se diverte no papel, nos fazendo embarcar na sua proposta pro herói. O Aquaman dele é carismático e rende algumas boas risadas, se destacando em cenas de ação incríveis. Já a química do personagem com Mera é problemática, fazendo com que o interesse amoroso entre eles seja completamente desnecessário e sem razão. Amber Heard está muito bem no papel, criando uma heroína forte e inteligente, mas o roteiro não a desenvolve a ponto de criar empatia e acreditar no casal.

É no roteiro que aparecem os problemas de Aquaman. Ele beneficia o arco dramático dos vilões Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) e Orm (Patrick Wilson) – ambos os atores ótimos nos papéis – e traz temas que refletem diretamente com a nossa realidade atual (poluição, individualidade e poder). Entretanto, não consegue criar uma narrativa fluida, oscilando o filme entre altos e baixos. Falta equilíbrio no que se pretende contar, criando dois filmes em um. Quando começa a jornada de Aquaman e Mera, um tom diferente é apresentado, se destoando bastante do que anteriormente foi visto. Além disso, a excessiva exposição (flashbacks e diálogos) deixa tudo muito didático e monótono, impedindo o espectador de aprender de forma natural sobre o universo e os personagens.

Frases de efeito genéricas e piadas sem timing também tiram o brilho de algumas cenas. Sim, o roteiro é despretensioso, mas merecia mais cuidado. Felizmente, a experiência final é bem positiva e os pontos negativos podem facilmente serem resolvidos em uma futura sequência (como propõe a cena pós-créditos).

Aquaman é um belo trabalho de James Wan, divertindo e sendo um verdadeiro show de cores e visual. O longa tem suas falhas, mas dá um novo e maravilhoso rumo para o Universo da DC, nos fazendo aguardar ansiosamente pelos próximos filmes. Um futuro promissor vem por aí.

Crítica | Aquaman
James Wan faz de Aquaman uma proposta diferente e original para os filmes da DC, apresentando um espetáculo visual e colorido que diverte e salta os olhos do público. Jason Momoa traz um herói carismático e badass, criando empatia com o público. Assim, mesmo com falhas de roteiro, o filme solo dá novos rumos para o futuro desse universo, nos deixando ansiosos pelos próximos que vêm por aí.
3.5

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