Crítica | Com Amor, Simon

Escrito por: Pedro Henrique Figueira

em 22 de março de 2018

Preconceito, primeiro amor, inseguranças, bullying… Os adolescentes passam por todas essas questões – ou, pelo menos, uma delas. Já vimos essa fase ser abordada várias vezes no cinema. Mas Com Amor, Simon é bem diferente do que já foi visto, pois trata todos esses temas com leveza e sensibilidade. E por isso que o filme é tão cativante.

Sendo uma adaptação do livro Simon Vs. A Agenda Homo Sapiens, a trama gira em torno de Simon – um jovem com uma vida normal, mas que tem um segredo: é gay e ainda não se assumiu para a família e amigos. Em meio a isso, ele se apaixona e troca e-mails com um garoto misterioso conhecido apenas como “Blue”, que recentemente se assumiu gay para todo o colégio. Simon então tenta descobrir quem é o garoto por qual se apaixonou, ao mesmo tempo que lida com o medo de ter seu segredo exposto antes que esteja pronto para se assumir.

Um dos acertos é que tendo um protagonista gay, o filme não só dá voz à temática LGBTQ como discute um ponto muito importante: ser quem você é. Simon e outros personagens lidam com essa questão. E de forma leve e aberta, o roteiro passa essa mensagem de como é preciso ser verdadeiro consigo mesmo e com seus sentimentos, principalmente quando o mundo insiste em padronizar as pessoas. Os personagens são muito humanos e carismáticos, fazendo com que o público jovem facilmente se identifique com eles.

O protagonista Simon tem medos, angústias e comete erros como qualquer pessoa da sua idade. Toda a jornada do personagem é muito emocionante de se acompanhar – existe uma cena que é quase impossível não chorar junto dele. E Nick Robinson está ótimo no papel, entregando uma interpretação muito intensa. Através de olhares e dos trejeitos, o ator traz um personagem tímido, carismático e que aceita ser gay, mas ainda tem receio de revelar isso aos outros, principalmente para seus amigos. A amizade é importante para ele e por isso existe o medo de mudar essa relação quando souberem a verdade – mais um grande acerto abordado pelo roteiro. Aliás, o elenco inteiro é bem diversificado e foi muito bem escalado. Todos entregam boas atuações – com destaque para Alexandra Shipp e Logan Miller. Shipp, que foi a Tempestade em X-Men – Apocalipse, tem muito carisma e atitude que encaixam perfeitamente em Abby, sua personagem. E Miller traz muito humor com Martin, mesmo com uma atitude questionável do personagem.

Apesar de toda a comédia, o terceiro ato é carregado de muito drama. Essa transição de tom é boa para o roteiro e para todo o discurso que o filme quer trazer. As cenas dos pais, interpretados por Jennifer Garner e Josh Duhamel, são cruciais e funcionam não só pelos diálogos, mas também porque emocionam verdadeiramente o público. O único deslize é que a família de Simon é pouco explorada. Os personagens são bons, mas mereciam mais atenção.

A trilha sonora bem escolhida dá o tom perfeito, com músicas de fundo que tornam as cenas mais naturais. Outro mérito a ser comentado é a boa adaptação feita do livro para o filme. Alguns diálogos e situações são vindos diretamente da obra original, mantendo a essência da história. Existem mudanças significativas no decorrer da trama e de determinados acontecimentos, mas os fãs mais exigentes sairão satisfeitos.

Com um ótimo protagonista e personagens carismáticos, Com Amor, Simon trata temas delicados e importantes com muito humor e leveza, sem deixar o necessário drama em momentos pontuais. Um filme divertido, emocionante e delicioso de assistir, que foge dos clichês do gênero.

Crítica | Com Amor, Simon
Com Amor, Simon é divertido, emocionante e original, tratando temas importantes com humor, leveza e personagens carismáticos.
4.5

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