Crítica | Creed III

Escrito por: Gabriel Santos

em 01 de março de 2023

Lançada em 2015, a franquia Creed foi uma reinvenção bem-vinda para a saga Rocky, dessa vez acompanhando a história do filho de Apollo Creed, Adonis (Michael B. Jordan). O terceiro longa acerta novamente ao equilibrar o lado pessoal e o profissional do lutador, se inspirando em animações japonesas para contar sua história.

Em Creed III, encontramos Adonis em um momento bem diferente da sua carreira. Depois do sucesso, da fama e dos títulos como boxeador, ele agora se aposentou do esporte, o que traz ainda mais desafios para o personagem. Durante boa parte do longa acompanhamos como está sua vida pessoal, seja na relação com a esposa Bianca (Tessa Thompson), que agora é produtora musical; com a filha Amara (Mila Davis-Kent), que segue os passos do pai; ou com a mãe Mary-Anne (Phylicia Rashad), que enfrenta problemas de saúde. O núcleo familiar rende cenas divertidas, sinceras e emocionantes, além de sempre ter muito respeito e sensibilidade ao retratar a deficiência auditiva de Amara.

Para bagunçar a vida do protagonista, temos a chegada de seu amigo de infância Damian (Jonathan Majors), que acabou de sair da prisão. A amizade e rivalidade entre os dois é muito bem construída, tanto através de flashbacks quanto pelo reencontro em si, onde os dois estão em momentos diferentes da vida. Jonathan Majors é uma excelente adição à franquia como um rival violento e de cabeça quente, e ainda consegue fazer com que o público o compreenda.

As sequências de ação continuam sendo um dos pontos altos da franquia, e acredito que chegamos em um novo nível aqui. Os dois lutadores principais estão no auge das suas capacidades físicas, além das lutas contarem com uma excelente edição e grande impacto nos golpes – como sempre, nos colocando dentro do ringue. Outro mérito está no ótimo uso de câmera lenta, que não é feito de maneira desenfreada apenas para valorizar as coreografias. Em uma cena, por exemplo, este recurso é usado para revelar a vulnerabilidade de um adversário.

Mais do que isso, o grande destaque de Creed III são as suas referências às animações japonesas. Com a presença do underdog, há inspirações em animes de boxe como o clássico Ashita no Joe e o recente Megalobox, assim como golpes que remetem à Dragon Ball. Já as temáticas de fraternidade, laços, determinação e perseverança me lembraram a trama de Naruto. O resultado é hipnotizante. A luta final é bastante cinematográfica e com direito à sequências surrealistas, sendo o ponto alto da experiência. Depois desse filme, fiquei empolgado para mais obras dirigidas pelo Michael B. Jordan.

Durante a projeção, uma cena me chamou atenção pela frase “Construa seu próprio legado”. O terceiro Creed é a prova de que Adonis realmente construiu seu próprio legado, ficando independente do Rocky. Sua trilogia vem causando um impacto enorme nas obras do gênero e Jordan vem marcando uma geração assim como Stallone fez nos anos 1980.

Crítica | Creed III
Creed III é mais um acerto da franquia, apresentando um rival à altura de Adonis e trazendo inspirações de animes através da direção de Michael B. Jordan.
4

Compartilhe!