Crítica | Deltarune: Chapter 1

Escrito por: Gabriel Santos

em 05 de março de 2019

Em 2015, o compositor e desenvolvedor Toby Fox lançou o jogo Undertale, que se tornou um fenômeno no mundo todo. Agora, o primeiro capítulo de seu novo título, Deltarune, está disponível gratuitamente para diversas plataformas e tivemos a oportunidade de terminá-lo no Nintendo Switch.

A história de Deltarune é ambientada no mesmo universo de Undertale, onde monstros e humanos vivem na superfície. Isso permite o retorno de personagens queridos da franquia, como Toriel, Alphys, Undyne e até Sans.

Desta vez controlamos o humano Kris, que cai no Dark World com sua colega de classe Susie. Lá, eles encontram Ralsei e descobrem que são heróis destinados a restaurar o equilíbrio do mundo.

À primeira vista pode parecer uma RPG comum, mas ele traz de volta uma dinâmica interessante, também presente em Undertale: é possível terminar o jogo sem matar nenhum inimigo. Temos a opção de compreendê-los e encontrar outras formas de resolver o conflito. Aqui, a novidade está no sistema de combate de RPG em turnos – agora em grupo – onde nem todos se identificam com o lado pacifista. Um exemplo é a personagem Susie, a valentona do colégio temida por todos, até pelo próprio professor.

Mas, para ajudar Kris, contamos com a ajuda de Ralsei, o Príncipe das Trevas, que tem uma personalidade bondosa e ingênua. A dinâmica entre os três é fundamental para o desenvolvimento do jogo, rendendo momentos divertidos e educativos. Do outro lado temos Lancer, um antagonista imaturo e infantil que tenta atrapalhar o grupo do protagonista, mas acaba caindo em suas próprias armadilhas. Ele é filho de um dos quatro reis do Dark World, o verdadeiro vilão deste primeiro capítulo.

Além das batalhas pelo caminho, o jogo ainda conta com diversos puzzles relativamente fáceis. Porém, eles não têm como objetivo serem impossíveis para o jogador, e muitas vezes existem para trabalhar a dinâmica entre os personagens e ajudá-los a se entrosarem.

Uma das principais diferenças entre Undertale e Deltarune está na ausência das diferentes rotas, pois o criador já revelou que o título terá apenas um final. Isso tem relação com a introdução do jogo, onde criamos nosso próprio personagem, mas logo em seguida ele é descartado e somos avisados que “ninguém pode escolher o que é neste mundo”. Assim, fica claro que nossas ações não têm tanta influência e não estamos no controle.

A portabilidade do jogo para o híbrido da Nintendo funciona muito bem, como se fosse feito para ele. O gameplay rende por volta de quatro horas (caso queira explorar tudo), o que permite jogar sem interrupções da bateria. Isso é ótimo, pois a história prende o jogador até o fim.

Com foco na narrativa, este estilo de lançamento em capítulos torna o título ainda mais semelhante aos da Telltale Games. Porém, ainda se diferencia por sua direção de arte influenciada por jogos em 16-bit, como EarthBound e Final Fantasy. A nostalgia é ressaltada pela trilha sonora – compostas por Fox – que se assemelha à desses jogos clássicos do gênero.

Mesmo sendo voltado para os jogadores que terminaram Undertale, este jogo pode ser apreciado por aqueles que não conheciam seu antecessor. Porém, a experiência pode ser mais proveitosa para os que conhecem este universo, por se tratar de uma evolução.

O segundo capítulo de Deltarune ainda não tem data de lançamento prevista, mas foi confirmado. Segundo o próprio criador do jogo, será preciso uma equipe de desenvolvimento para realizar este projeto, que será maior e mais ambicioso que seu anterior.

Crítica | Deltarune: Chapter 1
Captando a essência do universo de Undertale, Deltarune consegue conquistar o público com seus personagens carismáticos e uma trama intrigante e divertida. Ele alia nostalgia e inovações narrativas em um projeto que tem potencial para superar seu antecessor.
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