Crítica | Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro

Escrito por: Gabriel Santos

em 29 de novembro de 2018

Em tempos onde o cinema nacional vem se renovando a partir de filmes de gênero, como O Doutrinador e O Segredo de Davi, agora chegou a vez de ganharmos um representante do trashExterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro bebe da fonte de produções hollywoodianas com a temática besteirol, como a franquia Todo Mundo em Pânico, conseguindo aliar terror e comédia.

Neste longa, Danilo Gentili repete a parceria com o diretor Fabrício Bittar (Como se Tornar o Pior Aluno da Escola), mas desta vez explora uma clássica lenda urbana brasileira, a Loira do Banheiro, que finalmente ganha uma adaptação para as telonas. Na trama, um grupo de youtubers se dizem especialistas em atividades sobrenaturais, mas na verdade estão apenas em busca de fama e dinheiro. Um dia, eles recebem o chamado para enfrentar um fantasma de verdade – a tal Loira – após ela fazer novas vítimas em uma escola.

A partir do momento em que o longa decide escalar quatro humoristas para viver um grupo de caçadores de fantasmas, acredita-se que o público espere do filme uma comédia com o mesmo tom de suas piadas, sejam em shows stand-up ou em programas de televisão. Neste ponto, Exterminadores do Além entrega o que os fãs estão aguardando, desde humor negro e besteirol, até referências da cultura pop e memes da internet.

Mesmo que a comédia seja um dos principais pontos do filme, é importante destacar que Exterminadores do Além não fica atrás nas cenas de terror. Desde a primeira sequência vemos que a produção sabe criar atmosfera em seus momentos de tensão, apesar de não deixar de lado recursos como jumpscares.

O trio Danilo Gentili, Léo Lins e Murilo Couto têm muita química e funcionam bem em grupo, como no timing para comédia e nas brincadeiras entre os personagens, o que reflete o tempo que trabalham juntos fora das câmeras. A exceção é Dani Calabresa que, apesar de ser uma personagem interessante por conta de seus “poderes sobrenaturais”, é mal utilizada pela trama.

Esse subaproveitamento também se encontra nos professores do longa, como com Marcela Tavares, que faz o estereótipo de “gostosa”, e Antonio Tabet. Eles são completamente descartáveis na história, servindo apenas como mais vítimas da Loira do Banheiro. Esse problema só não é pior pelos próprios personagens saberem o papel que desempenham, usando o recurso de metalinguagem, assim como em Deadpool, por exemplo.

Em relação ao elenco infantil, Matheus Ueta conta com boas tiradas, enquanto Pietra Quintela convence como a ameaça Loira/Catarina, principalmente aliada à maquiagem. Ainda temos participações especiais como Ratinho, mas quem se destaca é Sikêra Junior como Diretor Nogueira, que resgata algumas de suas pérolas como apresentador de televisão.

O desafio que o longa – e todos os filmes de terror – enfrenta está em criar um arco para seus personagens tornando-os carismáticos o suficiente para que possamos nos importar com eles em caso de uma morte iminente. O único que chega mais perto disso é Túlio (Murilo Couto), que começa como o excluído do grupo, mas cresce com o decorrer da trama.

Outro ponto positivo está na montagem dinâmica, presente na apresentação dos protagonistas e no desenvolvimento dos planos contra o fantasma. O longa também consegue intercalar muito bem as imagens reais com as filmagens da câmera usada pelos personagens, além de explorar redes sociais – em especial o YouTube. Não só a exposição dos vídeos em tela, como também a interação dos usuários na plataforma, mostram o quanto os envolvidos dominam o assunto e conseguem expressar isso visualmente. O mesmo acontece na inventiva sequência durante os créditos finais, mas em relação à televisão.

Em diversos momentos temos cenas muito bem executadas tecnicamente, sendo capazes de fazer cabeças explodirem – literalmente – mas a sensação que fica é de que ele tenta ser violento gratuitamente apenas para chocar o espectador. Em outros casos, o exagero acaba se tornando algo banal com o tempo, como o excesso de litros de sangue usados para os momentos escatológicos. Além disso, o longase torna repetitivo durante o decorrer da trama, apelando para confrontos cada vez mais absurdos como uma luta contra um feto e um cocô. Ele ainda conta com um último ato mais longo do que deveria, onde tentam contar muita coisa ao mesmo tempo.

Apesar dos pontos negativos, Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro é um filme divertido que explora um gênero que não é muito visto no cinema nacional. As referências, aliada a dinâmica entre os personagens, devem agradar os fãs dos humoristas e amantes do trash.

Crítica | Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro
Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro sabe criar o clima de tensão e terror em suas cenas, mas se destaca pela comédia marcada pelo besteirol, referências a cultura pop e memes da internet.
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