Depois de um ano sem lançamentos da Marvel Studios, o MCU começou 2021 apostando em séries para o Disney+. Com o sucesso de WandaVision, havia muita expectativa sobre Falcão e o Soldado Invernal, que prometia revelar o destino do escudo que pertencia à Steve Rogers em uma trama mais política, no mesmo estilo de Capitão América: O Soldado Invernal. Apesar de alguns tropeços, o projeto cumpre com sua proposta, definindo muitos caminhos para o futuro do universo da Marvel na TV e no cinema.
Desde o primeiro episódio, um dos pontos positivos dessa produção é o destaque que dá para personagens antes considerados coadjuvantes. Se havia pouco espaço para eles nos filmes, aqui tivemos a chance de conhecer a família de Sam Wilson (Anthony Mackie) e acompanhar o drama pessoal de Bucky Barnes (Sebastian Stan). É ótimo que a série tenha esses momentos mais calmos para assistirmos ao lado pessoal dos heróis, dando mais profundidade e familiaridade à eles, algo que vem direto da forma como a Marvel conta suas histórias nos quadrinhos.
Os dois protagonistas possuem carisma e contam com muita química juntos. Suas personalidades opostas chegam a lembrar a dinâmica de filmes policiais buddy cop, como Máquina Mortífera, criando conflitos internos e externos que movimentam a trama. Entre outros personagens de destaque, está a presença de Zemo (Daniel Bruhl), que está mais à vontade e possui um visual mais fiel aos quadrinhos. John Walker (Wyatt Russell) é uma adição interessante nesse universo pós-Steve Rogers, havendo muitos paralelos entre os dois, pois seguem o mesmo ideal, mas com visões de mundo diferentes. O retorno de Sharon Carter (Emily VanCamp) é empolgante, mas a personagem peca no desenvolvimento, deixando pontas soltas e até incoerências narrativas.
Do lado dos vilões, enquanto Batroc continua sendo apenas mais um inimigo raso e desinteressante, Karli (Erin Kellyman) e os Apátridas são uma ótima maneira de abordar as consequências do estalo de Thanos e mostrar como o mundo se dividiu, além de apresentar uma área cinzenta sobre o que é certo e errado. Essa também é uma ótima adaptação do material original para abordar questões atuais e seguir com o que já foi estabelecido no MCU, como o papel do governo após o “Blip”. Mas talvez um dos pontos mais presentes na trama seja a questão racial nos EUA a partir de Sam e Isaiah Bradley (Carl Lumbly), rendendo momentos emocionantes e trazendo importantes reflexões para o público.
A série surpreende nas cenas de ação, mantendo o mesmo nível do que é visto nos cinemas. Há confrontos corpo a corpo intensos e bem coreografados, outros mais chocantes e violentos, assim como sequências grandiosas. A trilha sonora de Henry Jackman também faz a diferença, com destaque para a música tema Louisiana Hero.
Enquanto a produção é desenvolvida sem pressa e com um bom ritmo, passando a ideia de um longo filme dividido em capítulos, o ponto negativo acontece na season finale. Ainda que entregue ótimos momentos, a conclusão dos arcos é apressada e sem muitas explicações, deixando a desejar no destino de alguns personagens.
Falcão e o Soldado Invernal possui grande importância no MCU, definindo muita coisa para o futuro da Marvel Studios. O estúdio ainda está em busca da melhor maneira de contar histórias nesse novo formato, sendo refletido em erros e acertos, mas certamente com um saldo positivo.