Crítica | Fúria em Alto Mar

Escrito por: Bruno Brum

em 24 de outubro de 2018

Filmes sobre operações militares americanas são, em sua maioria, rasos e totalmente clichês com suas tramas, roteiros e desenvolvimento. No entanto, alguns conseguem escapar desse senso mostrando alguma novidade, como faz Fúria em Alto Mar.

Dirigido por Donovan Marsh, o longa é baseado no livro Firing Point de Don Keith e Geroge Wallace. O livro retrata a vida de tripulantes de submarinos e como é operar essa máquina tão intrigante e – de certa forma – assustadora. Mesmo que esse não seja o foco da obra, é notável todo o trabalho que o diretor teve para envolver o público nesse cenário.

A trama é bem simples e, mesmo inovando em alguns aspectos da atualidade – como fazer com que EUA e Rússia impeçam o início de uma Terceira Guerra – não foge muito à regra dos mocinhos americanos e os malvados russos. Vilões com cicatrizes, oficiais nefastos e soldados heroicos são a base desse filme.

Tudo começa quando um submarino americano desaparece próximo às águas russas, o que pode gerar um novo conflito entre as duas nações. Para prevenir essa situação, o Pentágono envia outro submarino capitaneado por Joe Glass (Gerard Butler), um fuzileiro naval altamente renomado. No entanto, o problema se mostra muito mais complicado do que parecia, o que força o governo americano a despachar um time especial para se infiltrar no país inimigo enquanto o capitão Glass faz o mesmo debaixo d’água.

Para um filme de guerra estadunidense, o número de atores não-americanos é surpreendentemente alto. O Chefe de Estado Maior Donnegan (Gary Oldman), a Presidente dos EUA (Caroline Goodall), o comandade dos SEALs (Toby Stephens) e o próprio protagonista são britânicos. Do lado dos russos, temos dois atores que realmente são de lá – o Presidente russo (Alexander Diachenko) e o Almirante Durov (Michael Gor) – e um nascido na Suécia, o Capitão Andropov (Michael Nyqvist).

Todos eles caracterizaram muito bem seus personagens, até mesmo no sotaque do áudio original do longa. Uma das únicas falhas da obra é que algumas falas em russo não são traduzidas, o que prejudica o trabalho dos atores que interpretaram os “vilões”.

A trilha sonora é épica e está presente durante todo o filme, totalmente orquestrada e dando o tom de ação e ritmo da obra. Há um único momento em que a música cessa, que é quando a tripulação precisa ficar em silêncio para não serem detectados por um sonar, o que ajuda muito no clima de tensão.

Mesmo assim, o que mais chama a atenção são os efeitos especiais das cenas da tripulação dentro do submarino. Os detalhes na parte de dentro da nave e como reagem aos problemas que aparecem nela dão um profundo toque de realidade para os personagens e a missão que eles precisam cumprir. Em sua maioria esses efeitos são práticos, já que o cenário é somente o interior da nave (como faíscas saindo dos painéis).

Fúria em Alto Mar é um filme de guerra padrão com uma ótima montagem e uma bela atuação de atores de renome, mesmo que a trama não ofereça oportunidade alguma para algo mais surpreendente. No entanto, o nível de detalhes nos cenários e na operação militar é suficiente para destacar essa obra das demais, agradando até mesmo quem não é fã do gênero.

Crítica | Fúria em Alto Mar
Fúria em Alto Mar é um filme militar comum. No entanto, o foco no submarino e a reviravolta da trama dão uma pitada de originalidade, destacando o longa dos demais.
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