Crítica | Godzilla II: Rei dos Monstros

Escrito por: Bruno Brum

em 29 de maio de 2019

Godzilla já passou por várias transformações no decorrer da história do cinema. Em 1954, o monstro era um vilão imbatível, que encarnava os perigos da radiação com suas garras e dentes gigantes. No entanto, com a industrialização do Japão e as feridas da Segunda Guerra se recuperando, a energia nuclear passou de antagonista para aliada, e assim seguiu Godzilla.

Desde então, o lagarto radioativo se tornou um ícone japonês e dos kaijus – talvez o mais famoso deles – o que deu início a todo um gênero de filmes, com direito a novos heróis e temíveis adversários. Godzilla II: Rei dos Monstros continua o legado de nosso colosso favorito como protetor da humanidade, mas agora com perigos à altura.

O longa continua a história de 2014 e do universo expandido criado por Kong: A Ilha da Caveira, seguindo a ideia de que o mundo, há muito tempo, era habitado por criaturas titânicas, maiores do que prédios e tão poderosas quanto deuses. No entanto, esse filme foca mais nos monstros em si do que nas pessoas, algo que foi muito criticado pelos fãs no anterior. Por mais que a trama entre a humanidade dê a base para os acontecimentos, o principal sempre será a luta entre os gigantes.

Falando nela, a história não é muito surpreendente – cheia de clichês que já se tornaram regra do gênero – e um pouco fraca, mas é boa o suficiente para entregar algo divertido e que mantém o seu interesse, fazendo jus à origem das criaturas e dando base para esse novo universo cinematográfico. Algumas cenas muito exageradas e piadas forçadas que quebram a tensão chegam a incomodar um pouco, mas nada que tire mérito do longa de forma geral.

Os personagens não são muito memoráveis, mesmo que cumpram bem o seu papel. Apesar de nomes como Vera Farmiga (Dr. Emma Russell), Sally Hawkins (Dr. Vivienna Graham) e Charles Dance (Jonah Alan), nenhum deles consegue criar um vínculo emocional relevante. Os únicos que têm um destaque maior são Kyle Chandler (Mark Russell) e Ken Watanabe (Dr. Ishiro Serizawa) – que já apareceram no primeiro filme – e Millie Bobby Brown (Madison Russell), cuja a trama gira em torno de sua família. Pelo menos, a maioria deles continua relevante até o final. Isso é diferente de outras obras parecidas, em que a maioria dos atores são “buchas de canhão” para algum monstro. O diretor Michael Dougherty fez um ótimo trabalho de fugir desse clichê dos filmes de kaijus.

O principal do longa é, sem dúvida alguma, a parte audiovisual, tanto os efeitos digitais, quanto o som e a fotografia. Cada cena parece ser calculada para criar uma sensação de grandeza e poder para os titãs, tanto que é possível dizer que qualquer frame das filmagens pode ser usado como poster ou arte promocional. O jogo de luzes, sombras e o uso de fumaça sobre as criaturas servem para engrandecer a cena, torná-la mais épica e esconder possíveis falhas de edição, mas sem cortar nada da ação. O cuidado com a identidade sonora e visual de cada monstro é surpreendente, desde o rugido até as cores de seus raios e poderes.

Godzilla II: Rei dos Monstros é tudo o que pode se esperar de um filme desse estilo, batalhas sensacionais entre seres gigantescos que vão agradar qualquer amante da franquia. Mesmo que a trama seja simples, ela é boa o bastante para prender o público. Se você é fã do lagarto radioativo mais famoso do cinema, não perca essa nova fase do rei dos kaijus.

Crítica | Godzilla II: Rei dos Monstros
Godzilla II: Rei dos Monstros é tudo o que um fã quer ver em um filme de monstros gigantes. Mesmo que a trama não seja das melhores, os efeitos audiovisuais tornam este filme um dos melhores em fazer o seu papel: mostrar criaturas colossais lutando entre si.
3.5

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