A equipe de perdedores no espaço, até então desconhecida pelo grande público, surgiu como uma ideia arriscada. Depois de seu primeiro filme se tornar um sucesso, a sequência aproveitou a oportunidade para entrar de cabeça nesse universo cósmico da Marvel. O resultado é uma produção que se aprofunda, sobretudo, na relação de seus personagens, imerso em um espetáculo visual embalado por clássicos dos anos 80.
A história conta com uma trama principal envolvendo o arco do protagonista, que ao mesmo tempo nos emociona com seu drama e serve para explicar alguma pontas soltas do primeiro filme. Muitas perguntas são respondidas, e tivemos uma boa história de origem de Peter Quill, que está intimamente ligada ao seu pai biológico.
Não pense que o foco do filme é apenas o Senhor das Estrelas. A equipe como um todo também tem seus momentos de cooperação e desentendimento, que vão sendo trabalhados ao longo das história. Para resolver isso, o longa divide o grupo em duplas ou trios, o que aproxima os personagens e explicitam ainda mais sua personalidade e motivações de forma intimista.
Peter Quill continua brincalhão, mas agora compreende a responsabilidade que tem após descobrir seu passado, fazendo o personagem evoluir durante o filme. Gamora continua com sua personalidade ríspida, sendo o membro mais sério do grupo. Seu arco tem ligação com a rivalidade que tem com a irmã, que passa a integrar a equipe por algum momento.
Percebemos que Nebulosa tem muitas camadas, e isso a torna uma pessoa pouco confiável. Por outro lado, passando a ter mais consciência do que se passa na sua cabeça e seu verdadeiro objetivo, criando mais empatia com o público e se tornando fundamental para os próximos filmes.
Rocket está ainda mais rabugento, o que gera uma certa tensão na equipe, com direito à uma reflexão de autoaceitação do personagem. Aqui também podemos vê-lo usar mais seus equipamentos, além de uma ótima cena onde explora mais seu lado animal.
O Baby Groot se mostra praticamente inútil nas batalhas, roubando a cena apenas em cenas de alívio cômico ou em momentos de fofura. É inegável que o personagem tem muito carisma, e que essa se tornou sua principal função no longa.
Drax está hilário, e bem mais a vontade que no primeiro filme. Sua principal interação é com a personagem Mantis, apresentada nessa sequência. Ela está bem diferente dos quadrinhos, mas isso não é um ponto negativo. Sua inocência e poderes empáticos são recursos bem explorados, se tornando prestativa para a equipe.
Ainda temos várias participações especiais, como a recorrente de Stan Lee e a já anunciada de Stallone. Essa última é rápida, mas igualmente importante para o universo criado pelo estúdio. Outro personagem que ganhou muita importância foi Yondu, rendendo boas cenas de ação e um arco dramático e tocante como pai adotivo de Peter Quill.
Outra coisa tocante é o filme em geral, mas em relação às músicas. Elas funcionam como alternativa narrativa, e não só como um background. Mesmo não sendo tão famosas quanto as que ouvimos no primeiro longa, ainda cumprem seu papel, se tornando tão marcantes quanto as cenas.
Mas não pense que elas estão em todos os momentos da produção, pois o silêncio também está presente. Ele é usado pontualmente para ajudar no suspense, no drama ou tornar o momento mais impactante para o público.
O visual está impecável, com destaque ao planeta de Ego, que conta com cores muito mais vivas e variantes do que qualquer outro filme da Marvel. Uma das responsáveis por isso é a câmera utilizada nas filmagens. Dessa vez foi escolhida uma RED, que tem como características sua alta definição e cores mais naturais. Todas as outras produções do estúdio foram gravados com uma câmera ARRI, que deixavam um aspecto mais acinzentado.
O tom do filme lembra bastante o primeiro, inclusive algumas piadas são bem parecidas, se tornando uma forma de repetir a fórmula que funcionou. Ele não consegue ser levado a sério na maior parte do tempo, já que em muitas cenas dramáticas temos alguma fala cômica que quebra totalmente o clima, o que pode não agradar algumas pessoas.
Não diria que Guardiões da Galáxia Vol. 2 seja melhor que seu antecessor, mas sim tão bom quanto. Digo até que ele só conseguiu esse feito por conta do primeiro filme, que conseguiu estabelecer nos cinemas uma equipe que quase ninguém conhecia. Sua sequência se mostra corajosa em inserir novos conceitos desse universo, e parece já ter certeza do caminho que pretende seguir com a trilogia, inclusive revelando muita coisa nas suas cenas entre-créditos (5 para ser mais preciso).
Aqui há muito fan-service, referências e outros elementos feitos para agradar os fãs, mas nenhum é usado de forma exagerada ou fora do contexto. Essa preocupação também se reflete na história e nos componentes mais ricos e importantes da franquia: os personagens.