Crítica | Homem-Formiga e a Vespa

Escrito por: Gabriel Santos

em 02 de julho de 2018

Apresentado nos cinemas logo depois de Vingadores: Era de Ultron, o primeiro filme do Homem-Formiga apostou em uma trama fechada e contida, mas acabou não chamando tanta atenção quanto gostaria. Agora, o herói tem uma nova chance, sendo lançado novamente depois de um filme dos Vingadores, mas aproveitando melhor seu potencial.

Após os eventos de Capitão América: Guerra Civil, Scott Lang (Paul Rudd) vive em prisão domiciliar. Isso muda quando ele é convocado para uma missão por Hope Van Dyne (Evangeline Lilly) e Hank Pym (Michael Douglas) para resgatar Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer) do Reino Quântico. Porém, outras pessoas estão interessadas na tecnologia de Pym e se tornam um obstáculo para os heróis.

Homem-Formiga e a Vespa é uma evolução do filme anterior. O roteiro é muito bem resolvido estruturalmente e não tenta ser maior do que realmente é. Curiosamente, apesar de todas as Joias já terem aparecido no MCU, aqui também temos um objeto que todos estão atrás, e a trama é guiada a partir dele.

O filme deixa claro que o herói lida com problemas menores, assim como acontece em Homem-Aranha: De Volta ao Lar. Temos uma trama fechada, mas que a todo momento nos lembra que o filme faz parte de um universo maior. Portanto, são citados heróis e eventos anteriores, principalmente de Guerra Civil.

Paul Rudd está melhor do que nunca no papel de Scott Lang, mostrando todo seu talento para a comédia, seguindo o exemplo de Chris Hemsworth como Thor e Chris Pratt como Peter Quill. Além de super-herói, sua relação com Cassie Lang (Abby Ryder Fortson) também é muito explorada no longa, com momentos fofos onde a garota rouba a cena.

Evangeline Lilly está muito a vontade no papel, seja como Hope ou como a Vespa. Mesmo que seja a primeira vez que vemos a atriz com o uniforme, é como se ela já interpretasse a heroína há muito tempo. Suas habilidades, como os blasters e as asas, são muito bem-vindas, criando novas dinâmicas nas lutas.

Por falar nisso, os poderes dos personagens são muito bem explorados. Não só as pessoas, mas como veículos, prédios e objetos mudam de tamanho a todo momento, funcionando como piadas ou sendo úteis para os confrontos com os vilões. Inclusive, até mesmo as formigas aqui têm um maior desenvolvimento – não só tocando bateria – como também ajudando os protagonistas em momentos-chave.

O título carrega o nome dos dois personagens e isso é muito bem colocado. Homem-Formiga não é o único protagonista da trama, assim como a Vespa não rouba totalmente a cena e deixa Scott em segundo plano. Apesar dos dois terem momentos isolados de destaque, o trabalho em equipe e a parceria é o que prevalece. O resultado funciona graças a excelente química entre os atores, como já foi demonstrado no primeiro filme, mas que é intensificado neste.

Inclusive, esta é uma das relações recorrentes no filme, trabalhando não só os personagens como heróis, mas o romance entre Scott e Hope, que já foi sugerido. A família também é um tema presente, seja na relação carinhosa e paterna entre Scott e Cassie ou na genuína ambição de Hope e Hank em trazer Janet de volta.

Entre os mocinhos, ainda vale destacar Michael Peña como Luis, que mais uma vez rouba cena contando uma história, superando a versão do filme anterior. Mas o personagem também é importante em outras cenas, ajudando os protagonistas ou pelo alívio cômico. Até mesmo os dois amigos de Scott, Dave e Kurt, ganham mais destaque nesta versão.

A vilã Fantasma (Hannah John-Kamen) se destaca pelo seu visual e conceito, sendo bem mais interessante e profunda do que se espera. Além disso, os poderes da personagem chamam atenção visualmente, deixando rastros do passado e do futuro. Já o vilão Sonny Burch (Walton Goggins) não é tão explorado, apesar de ser um obstáculo para os heróis.

Por estar sempre trabalhando com efeitos visuais, encolhendo e aumentando o tamanho das coisas, o CGI do filme é um fator importante e funciona perfeitamente. Tudo é feito com muita veracidade e a equipe técnica está muito segura do que está fazendo, aplicando esses efeitos de todas as formas possíveis. Um dos melhores exemplos está na cena de perseguição de carros, que está presente no trailer.

O visual do Reino Quântico também é algo que impressiona pela variação e deformação de cores e formas na tela, assim como a mistura delas. Ele é marcado por tons fortes e vibrantes, além de muito brilho. Apesar de não contar com uma trilha sonora emblemática ou marcante, ela acompanha a trama apresentando variações de acordo com a cena, passando por momentos tensos, dramáticos, engraçados e heroicos.

Marca registrada dos filmes da Marvel Studios, a comédia é algo muito presente, com a maioria delas funcionando, mas poucas caindo na repetição. Um exemplo é o personagem de Randall Park, que passa o filme inteiro perseguindo Scott porque ele deveria estar em prisão domiciliar.

O interessante na maioria dos alívios cômicos desta produção é que esse recurso é usado como foreshadowing. Eles são citados ou usados posteriormente na trama, mas de forma útil, deixando de ser uma piada jogada.

Homem-Formiga e a Vespa é uma típica produção que veríamos na Sessão da Tarde, não pela qualidade, mas pela temática. É um filme família, leve e divertido. A Marvel mais uma vez repete a fórmula para fazer seu público rir, nem que para isso precise rir de si mesma.

Os personagens evoluíram muito em relação ao primeiro filme, apresentando diversos elementos que enriquecem o universo do Homem-Formiga. Ainda há muito o que explorar nesta franquia, sendo muito provável a existência de um terceiro filme futuramente.

Crítica | Homem-Formiga e a Vespa
Homem-Formiga e a Vespa consegue explorar melhor seus elementos, como as habilidades dos personagens, e desenvolver a relação dos conhecidos, além de introduzir os novos. Sem dúvidas, é uma evolução do “Homem-Formigaverso”.
4.5

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