A franquia Jurassic Park é uma das mais icônicas da história do cinema, marcando uma geração inteira. Portanto, não dava pra deixar de ficar empolgado quando anunciaram o retorno de personagens queridos do original na terceira e última parte do sucessor Jurassic World. Só que mesmo com uma grande dose de nostalgia, é impossível não se incomodar com os deslizes de Domínio, que entrega um resultado mediano levando em conta seu potencial.
Na trama, após os eventos de Reino Ameaçado, os dinossauros passaram a coexistir com os humanos. Essa integração é muito bem explorada desde a primeira cena, que conta até com filmagens no estilo found-footage. A equipe de efeitos visuais do longa fez um excelente trabalho em representar os dinos na telona, sendo bem detalhista nos designs – mostrando até espécies com penas. A produção aposta no carisma das criaturas em computação gráfica, incluindo belas cenas contemplativas. É uma pena que na maior parte do tempo eles deixam de ser o foco da história para dar espaço aos humanos, algo semelhante ao que acontece nos filmes da franquia MonsterVerse da Warner Bros. Por exemplo, gostaria de ter visto mais das lutas entre dinossauros, e cenas com a velociraptor Blue.
O roteiro de Emily Carmichael e Colin Trevorrow – que também assina a direção – tem um problema com sua grande quantidade de personagens. Acaba que alguns não têm o que fazer, são subutilizados ou descartáveis, como Barry Sembène (Omar Sy), Franklin Webb (Justice Smith), Zia Rodriguez (Daniella Pineda) e Soyona Santos (Dichen Lachman).
O destaque entre os humanos são o trio de Jurassic Park (Laura Dern, Sam Neill e Jeff Goldblum), responsáveis pela emoção da nostalgia e por trazer referências do clássico. Sem dúvidas, a melhor coisa do filme é a presença de Ian Malcolm, sempre preciso em suas observações. Já Lewis Dogson (Campbell Scott) é um dos vilões mais indiferentes e esquecíveis da saga.
O maior problema da obra é seu roteiro, que repete o clichê batido da empresa do mal que faz experimentos. Por conta disso, as piores cenas são ambientadas no laboratório e os antagonistas são responsáveis por momentos que chegam a insultar a inteligência do público. A produção ainda falha pelo excesso de resoluções convenientes e diálogos repetitivos, além de sequências de ação vazias, sem peso narrativo ou risco para os personagens.
Para um longa que tem “Jurassic” no título, é uma pena que os dinossauros fiquem em segundo plano para dar lugar aos protagonistas apenas operantes desta franquia. Se você procura apenas por uma aventura divertida e gostou dos outros filmes dessa trilogia, pode ser que consiga tirar algum entretenimento de Domínio. Se esse não for o caso, vale mais a pena ficar com o original.