Crítica | Liga da Justiça de Zack Snyder

Escrito por: Gabriel Santos

em 23 de março de 2021

Em 2017, a Warner Bros lançou Liga da Justiça nos cinemas. A produção foi bastante complicada, envolvendo a saída de Zack Snyder do projeto por conta de uma tragédia familiar e sua substituição na direção por Joss Whedon. Era impossível o longa ficar tão bom quanto a ideia original, e isso foi ainda mais prejudicado pelos problemas nos bastidores. O resultado não foi catastrófico, mas era bem abaixo do que esperávamos de um filme sobre a equipe de super-heróis mais icônica dos quadrinhos. Durante todos esses anos a internet se mobilizou pedindo pelo Snyder Cut e agora ele é real. Finalmente temos o longa que a Liga da Justiça merece.

É impossível evitar comparações entre o corte de 2017 e o atual, principalmente porque as duas produções contam praticamente a mesma história. Uma das diferenças é a duração, sendo que o filme de Joss Whedon possui duas horas, enquanto o Snyder Cut tem o dobro. Esse tempo a mais é fundamental para desenvolver e se aprofundar nos personagens – tanto heróis quanto vilões – além de criar respiros, dar mais peso e significado para os eventos e melhorar tudo que havia sido feito anteriormente. Apesar do CGI aparente em alguns momentos, as sequências de ação são um ponto alto, sendo mais brutais e valorizadas.

Assim como em outras produções de Snyder, Liga da Justiça é denso, dramático e carregado de cenas em câmera lenta. Aqui existe uma melhor conexão com Homem de Aço e Batman vs Superman, dando uma ideia de unidade, tanto em tom quanto no tipo de história que é contada, remetendo à contos épicos sobre deuses.

Nesta versão, todos os personagens são melhores desenvolvidos, havendo, pelo menos, um momento pra cada um brilhar. Temos cenas extras que explicam melhor seu pano de fundo e até dão mais importância individualmente dentro da trama. O que mais cresce é Ciborgue/Victor Stone (Ray Fisher), sendo realmente o coração do filme, ganhando uma história de origem essencial para entendê-lo melhor. Já um dos que continua sendo prejudicado é Flash/Barry Allen (Ezra Miller) que, mesmo tirando as piores piadas, ainda destoa da obra como um todo. Quanto aos vilões, o Lobo da Estepe (Ciarán Hinds) conta com um visual bem mais ameaçador, além de ganhar um propósito para a trama e não ser apenas um vilão genérico. Esperava ver mais de Darkseid (Ray Porter), que está esteticamente muito fiel aos quadrinhos e representa uma ameaça grande o suficiente para a união da Liga.

Tecnicamente, o aspect ratio em 4:3 gera um estranhamento no início por conta das barras pretas nas laterais, mas, sinceramente, isso acaba sendo irrelevante com o tempo. Destaco a trilha sonora de Junkie XL, que combina perfeitamente com a proposta de criar algo épico e dramático, tornando os momentos ainda mais memoráveis. A edição também é muito competente, pois temos um filme de quatro horas onde nem sentimos o tempo passar. É claro que a produção não precisava ser tão longa e há sequências muito esticadas, mas não chega a ser incômodo.

Dividido em capítulos, o ponto mais fraco do corte é seu epílogo, onde boa parte dele é desnecessária. Basicamente, já que Snyder não vai conseguir terminar sua trilogia, ele fez uma enorme cena pós-créditos dando dicas do que iria acontecer, mas acaba soando expositiva e fora do lugar. Fica muito claro que a decisão não foi feita pensando na trama e sim apenas para agradar aos fãs.

Mesmo que Liga de Justiça e Liga da Justiça de Zack Snyder contem a mesma história, a diferença entre as duas produções é gritante, mudando da água pro vinho. Isso ressalta o quanto a visão do diretor é importante para o projeto e como os executivos podem arruinar uma ideia que seria incrível. Ao mesmo tempo, não consigo imaginar esse filme sendo lançado nos cinemas e o HBO Max parece o lugar perfeito para assistí-lo. A força dos fãs através da internet teve resultado e agora resta saber se vai acontecer o mesmo com a hashtag #RestoreTheSnyderVerse.

Crítica | Liga da Justiça de Zack Snyder
O corte de Zack Snyder possui maior desenvolvimendo dos personagens e entrega momentos épicos e memorávies.
4.5

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