Crítica | Lupin – Parte 1

Escrito por: Gabriel Santos

em 14 de janeiro de 2021

A primeira semana de 2021 da Netflix nos presenteou com excelentes obras. Além do ótimo Pieces of Woman, também chegou ao streaming a série Lupin, estrelada por Omar Sy. A produção fez bastante sucesso desde seu lançamento, tornando-se a primeira obra francesa a entrar no Top 10 da plataforma nos EUA. E realmente vale a pena conferir.

A trama é inspirada pelo personagem francês criado por Maurice Leblanc em 1905: Arsène Lupin, um ladrão cavalheiro conhecido pelos seus disfarces e pela capacidade de nunca ser pego. O projeto da Netflix criado por George Kay e François Uzan parte de uma premissa muito interessante, onde o protagonista Assane Diop é influenciado pelas histórias do personagem clássico para se vingar da família Pellegrini, que acusou seu pai de roubar um colar caro, resultando no seu suicídio na prisão.

A modernização dos livros é uma ótima saída, pois não temos exatamente uma adaptação fiel do original, havendo a possibilidade de criar muita coisa nova. Há um grande respeito pela obra de Leblanc e ainda existe espaço para citações e homenagens. Ambientada na França dos dias atuais, é possível manter o clima de mistério e suspense, mas ao mesmo tempo introduz todo tipo de tecnologia, desde mini-câmeras e drones até assistentes virtuais e deepfake.

Outro destaque é o design de produção, que explora muito bem a ambientação de Paris, dando um certo charme e estilo ao projeto. Outros méritos são a bela fotografia de Christopher Nuyens e a trilha sonora marcante de Mathieu Lamboley, que evoca o tom de mistério e dá personalidade à obra.

A escalação de Omar Sy como Assane é um dos maiores acertos, pois ele tem muito carisma, sendo um fator importante quando um ladrão é o protagonista. O fato de seu personagem ser filho de um imigrante senegalês também chama atenção, pois é possível trabalhar a questão do racismo no país. Entre os coadjuvantes, destaco Benjamin Ferel (Antoine Gouy), que cria um contraste com a personalidade do protagonista, sendo mais inseguro, porém muito útil.

O episódio piloto é excelente por si só e um grande chamariz para continuar a série. Usando o Museu do Louvre como background, ele já coloca Assane em uma posição elevada, com um roubo complicado, um plano engenhoso e grandes reviravoltas. E tudo isso é favorecido por uma montagem dinâmica, com uma trama sempre em movimento. Esses elementos estão presentes em todos os cinco episódios dessa primeira parte, facilitando a maratona e o interesse do público pelo desenrolar da trama. Outro recurso muito usado é o flashback, que sempre está relacionado com a história principal e acrescenta detalhes relevantes.

Para quem assistiu aos cinco episódios, sabe que aquele não é o fim da série. Felizmente, a segunda parte está confirmada e, inclusive, já foi filmada, apesar de não ter uma data de lançamento oficial. É muito bom ver a Netflix investindo em produções do mundo todo, gerando uma grande diversificação de seu catálogo. Depois de popularizar a alemã Dark e a espanhola La Casa de Papel, chegou a vez da francesa Lupin, que deve agradar fãs de mistério e investigação e até dá vontade de ler o material original.

Crítica | Lupin – Parte 1
A produção moderniza a obra de Leblanc, destacando-se pelo carisma de Omar Sy e o roteiro cheio de reviravoltas.
4.5

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