Crítica | MIB: Homens de Preto – Internacional

Escrito por: Jose Gabriel Fernandes

em 13 de junho de 2019

Quando surgiu, em 1997, o primeiro Homens de Preto levou aos cinemas um conceito novo que, até hoje, é bastante lembrado e referenciado. Os ternos, os óculos escuros, o neuralizador, os aliens… Tudo acompanhado de dois dos maiores atores de suas gerações: Will Smith e Tommy Lee Jones. Agora, mais de 20 anos depois, o estúdio deixa de lado a trilogia principal (encerrada em 2012) para contar uma história mais atual, embebida na globalização do mercado e com novas estrelas. O problema é que, na prática, pouco é adicionado.

O diretor F. Gary Gray já mostrou que sabe conduzir grandes produções de diferentes tipos, então não é surpresa que ele tire de letra nessa despretensiosa aventura sci-fi. Ele é bem-sucedido em fazer um filme que parece ter sido tirado diretamente da década de 1990, com não só piadas e músicas típicas da época, mas também todo um fascínio e uma sustentação dramática pelas loucuras que saltam da tela. A interação dos atores com as criaturas e os objetos de CGI dá gosto de ver, pela maneira como abraçam esse universo. Um exemplo mais marcante é como empenhadamente conversam com câmeras de lente olho de peixe, uma solução rústica e encantadora para simular os diálogos. Esses momentos são amostras da entrega e do talento de Tessa Thompson e Chris Hemsworth, que além de terem excelente química, conseguem trazer peso emocional para suas interpretações de personagens meio estereotipados (a nerd esforçada e o aventureiro charmoso intergalático). Infelizmente, as virtudes do filme não passam muito disso.

Com exceção de umas referências bem pensadas (que vão dos primeiros filmes da franquia ao MCU) e uma piada ou outra mais engraçada (Emma Thompson tirando sarro do título do filme é impagável), o roteiro não oferece muito além do básico. Temos uma trama que busca explorar a corrupção sistêmica, mas a maneira como o faz não o distancia muito de blockbusters recentes como Capitão América 2: O Soldado Invernal e Capitã Marvel. Aliás, sua explicação para tal estado é muito mais conciliadora e segura, o que, apesar de poder não ser ruim para muitos, mostra como o roteiro, em nenhum momento, busca sair do raso. As únicas viradas acontecem para estender a trama e explorar um pouco mais o passado dos personagens, o que nem sempre é tão interessante, pois tais elementos não apresentam muitas peculiaridades (e quando apresentam, não são muito bem aproveitadas). Há muitas obviedades também, até para o padrão de longas do gênero. Se ao menos alguns desses twists levassem para set pieces interessantes, não seria tão ruim, mas a exploração das localidades e das situações nunca passa do protocolar. As cenas de ação também não são particularmente bem filmadas ou coreografadas. Tudo parece muito “no automático”.

Dito isso, os efeitos visuais são bons e o design de produção, principalmente no que diz respeito às criaturas, gera alguma curiosidade e humor, ainda que nada alcance os primeiros filmes, nesse sentido. Para piorar, alguns personagens, como o Pawny, acabam sendo mais intrusivos do que agregadores – é quase uma espécie de Jar Jar Binks, se formos abrir para comparações. Tentam apelar demais para a sua suposta fofura e o humor sarcástico de Kumail Nanjiani (que faz a sua voz), mas, muitas vezes, se tivessem focado apenas em Hemsworth e Thompson, teria sido mais natural. Por outro lado, essas ambições à la George Lucas não deixam de ser interessantes, pois contribuem para a manutenção de uma estética noventista.

Porém, ainda com seus aspectos dignos de apreciação, MIB: Homens de Preto – Internacional não deixa de ser uma aventura sci-fi genérica e pouco memorável. Uma simulação de parque de diversões não-interativa, que só se mantém atrativa pelo carisma de seus protagonistas. Tudo bem que os primeiros filmes poderiam se encaixar na mesma descrição, mas ainda tinha um roteiro mais envolvente, com direito a diálogos e cenas de ação mais criativas. A tentativa de fazer uma aventura spielberguiana internacional é louvável, só que sem a devida ênfase na trama, serve apenas para ações de marketing criativas. A fidelidade ao universo, porém, ainda pode atrair fãs da franquia que querem matar a saudade do estilo e das artimanhas dos agentes secretos – algo que Gray consegue explorar bem.

Crítica | MIB: Homens de Preto – Internacional
MIB: Homens de Preto - Internacional é um filme de aventura sci-fi funcional, com conceitos promissores e uma dupla de protagonistas forte. Porém, a falta de originalidade e ousadia não permite que o longa deixe uma grande impressão.
2.5

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