Oppenheimer, o projeto mais recente dirigido por Christopher Nolan, oferece uma experiência cinematográfica impressionante e repleta de eventos que captura a vida fascinante e complexa do cientista J. Robert Oppenheimer. Embora seja um filme longo, sua narrativa envolvente e a ausência de monotonia mantêm o público interessado do início ao fim. Combinando ótimas atuações, trilha sonora excepcional e edição dinâmica, a produção emerge como uma obra-prima visualmente impactante.
Uma das características marcantes de Oppenheimer é a forma como o filme aborda diversos aspectos da vida do protagonista, abrangendo desde sua relação com o lendário Albert Einstein até seu papel crucial no desenvolvimento da bomba atômica. Com um elenco estrelado e várias participações especiais, cada personagem orbita em torno do protagonista, desempenhando papéis cruciais para impulsionar sua história. Entre os destaques estão as performances de Robert Downey Jr., interpretando Lewis Strauss, e Matt Damon, no papel de Leslie Groves. Ambos os atores entregam atuações convincentes, contribuindo para a profundidade e complexidade da trama, sem jamais ofuscar o trabalho de Cillian Murphy.
As melhores sequências do filme e os momentos em que Nolan realmente brilha estão nas situações relacionadas à bomba atômica, desde seu estudo e desenvolvimento, até as explosões e consequências. A intensidade e o peso emocional das mortes causadas pela bomba, por exemplo, são transmitidos de forma excepcional, chegando até mesmo a flertar com o gênero do terror.
Um aspecto notável na produção é a decisão de não utilizar efeitos visuais computadorizados (CGI). Essa escolha garante autenticidade e realismo às cenas, criando uma conexão mais profunda com o espectador. O mérito vai para o olhar apurado do cineasta e a maneira que ele registra esses momentos, sempre de forma criativa e com ênfase nos close-ups. Isso proporciona uma visão mais próxima e íntima nos momentos cruciais da narrativa, permitindo que o filme se destaque de outras produções do gênero. Num período em que explosões se tornaram algo tão banal e genérico no cinema, aqui testemunhamos algo diferente de tudo que já foi feito.
A trilha sonora de Ludwig Göransson é outro ponto alto de Oppenheimer, chegando a ter um aspecto sensorial que envolve o espectador. Ela provoca emoções palpáveis no público, complementando perfeitamente a atmosfera e as situações apresentadas em tela. O som é um elemento muito importante para a experiência de assistir ao longa numa tela grande, e um dos seus diferenciais, sendo até difícil imaginar assisti-lo de casa. Não seria surpreendente se este projeto levasse as categorias técnicas do Oscar, pois Nolan entregou mais um trabalho tecnicamente impecável.
No entanto, é importante mencionar que, mesmo com a tentativa de ser didático nas partes envolvendo política e física, ainda é possível notar uma dificuldade em acompanhar o andamento do enredo, que é muito dependente dos diálogos. Com três horas de duração, a produção é densa, longa e exaustiva. Caso o espectador não tenha atenção constante, pode se perder facilmente no emaranhado de subtramas propostas. Sua abordagem histórica pode ser um ponto de interesse para alguns, mas pode se tornar cansativo para outros.
Oppenheimer é uma jornada cinematográfica impressionante que retrata a vida do cientista J. Robert Oppenheimer de forma envolvente e visualmente impactante. Com cenas marcantes, uma trilha sonora emocionalmente poderosa e um elenco talentoso, o filme se destaca como uma obra-prima que se diferencia em seu estilo e narrativa. Embora possa ser desafiador acompanhar certos aspectos políticos e científicos, Oppenheimer oferece uma experiência inesquecível para aqueles que apreciam a carreira do diretor.