Crítica | Os Incríveis 2

Escrito por: Pedro Henrique Figueira

em 29 de junho de 2018

Faz 14 anos que Os Incríveis chegou às telas dos cinemas. Logo, a animação conquistou o público – tanto as crianças quanto os adultos – trazendo a aventura sobre uma família de super-heróis, que lidam com o combate ao crime e as situações e adversidades do dia a dia familiar. Sendo uma das melhores animações da Disney Pixar, trazer uma continuação seria um grande trabalho. E toda a espera valeu a pena, pois Os Incríveis 2 venceu a barreira do tempo e é uma merecida sequência para os fãs desses personagens.

Desta vez é a Mulher Elástica que entrará em ação para salvar o dia, quando é convidada para reviver os dias de super-heroína. Então, o Sr. Incrível terá que enfrentar o seu maior desafio até agora: cuidar dos problemas de seus três filhos. E as coisas se complicam ainda mais quando ele finalmente descobre que o Zezé tem poderes.

Partindo do final do primeiro filme, os minutos iniciais de Os Incríveis 2 trazem uma sequência de ação com a nostálgica música tema, que está ainda mais empolgante e logo diverte o público. A trilha sonora original é um dos grandes destaques, dando ritmo para as cenas e acrescentando novos tons, além de trazer músicas temas do Sr. Incrível, Mulher-Elástica e Gelado.

Um dos méritos desse filme foi deixar um pouco de lado a ação, para focar nas relações entre os personagens. Dessa forma, os pais, filhos e adultos vão facilmente se identificar com as situações, pois o roteiro trata em detalhes o ambiente familiar. É um filme muito mais acolhedor e que faz jus à esses personagens. Algumas ações são similares ao que se viu no primeiro filme, mas não se tornam repetitivas, principalmente por trazem resoluções diferentes.

Essa sequência traz uma inversão de papéis entre os pais, que não só mostra uma evolução com relação ao original, mas também reflete toda a questão que a sociedade vive nos dias de hoje – muitas mães estão saindo para trabalhar e os pais cuidando dos filhos e do lar. E em nenhum momento o filme diminui o papel social de cada personagem. Ao contrário: existe uma boa divisão de tela para cada um, com cenas mostrando as novas situações que eles têm de lidar.

Desde o primeiro filme, a Mulher-Elástica/Helena Pêra falava de empoderamento feminino, sendo sempre forte e corajosa. Aqui ela ganha mais destaque, vivendo situações perigosas e com consequências mais graves. Helena não desiste em cumprir a missão, mesmo que em certos momentos deseje voltar para a família e ter mais presença com os filhos – mais um reflexo do contexto atual. E as sequências de ação da heroína são dinâmicas e visualmente interessantes, com muita inspiração nos filmes de espionagem.

No início, o Sr. Incrível/Beto Pêra continua o mesmo, mas durante o filme ele evolui. Toda a trama dele com a Violeta, Flecha e o Zezé é muito interessante de se acompanhar, pois o personagem precisa lidar com essa nova realidade. São cenas divertidas e emocionantes – com destaque para a da aula de matemática. E o roteiro não deixa os filhos de lado. Violeta possui a sua própria trama, refletindo exatamente as dificuldades da adolescência. Flecha está ainda mais frenético, como sempre foi, porém pouco relevante. Mas dos três, o Zezé é o grande destaque. O bebê traz todo o alívio cômico da animação, proporcionando risadas genuínas do público. Os poderes dele são muito bem apresentados em tela e a produção soube perfeitamente como utilizar o personagem.

Os coadjuvantes do filme cumprem seus papéis de fazer a trama acontecer. Edna Moda e Gelado, por exemplo, estão ótimos no pouco que aparecem. E o vilão não traz nenhuma novidade nas convicções, somente sendo visualmente bem pensado.

dublagem brasileira está ótima e, mais uma vez, os estúdios mostram a qualidade gráfica de suas animações. Com uma nítida evolução no design dos personagens e nos cenários, tudo está visualmente impecável, com cores mais vivas, belos planos e objetos bem realistas. Existem momentos que os personagens também possuem detalhes muito próximos da realidade (preste atenção nas roupas deles, por exemplo). Isso só reforça a qualidade dessa sequência.

Os Incríveis 2 é sensacional. Não é perfeito, mas é uma continuação que os personagens mereciam, e que os fãs também estavam esperando. Apresentando um bom trabalho de roteiro, humor e muita ação, a sequência é diversão garantida para todo o público.

P.S: importante ressaltar o excelente curta Bao, que é exibido antes do filme. Uma emocionante metáfora sobre depressão e síndrome do ninho vazio.

Crítica | Os Incríveis 2
A Disney Pixar acerta em trazer uma sequência não só divertida e cheia de ação, mas com um roteiro que trabalha as relações familiares e traz reflexos com a sociedade atual. A inversão de papéis entre o Sr. Incrível e Mulher-Elástica é bem trabalhada, mas sem esquecer dos filhos – com destaque para o divertido Zezé. Além disso, Os Incríveis 2 traz um visual impecável e bem realista.
4.5

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