James Gunn já mostrou várias vezes que sabe trabalhar com figuras desconhecidas dos quadrinhos. Isso aconteceu na Marvel, com Guardiões da Galáxia, e agora está se repetindo na DC. Depois do sucesso de O Esquadrão Suicida, nada mais justo que ele criasse uma série derivada focada em um dos membros do grupo: Pacificador. Enquanto nos quadrinhos ele teve poucas aparições e era desconhecido, agora é um dos protagonistas da melhor fase do DCEU.
A trama é uma sequência direta de O Esquadrão Suicida e mantém a mesma pegada do longa. As referências ao universo DC sabendo rir de si mesmo, a violência gráfica, o humor adulto e as críticas sociais estão presentes. Também vale ressaltar as excelentes sequências de ação e o ótimo texto de Gunn, mais afiado do que nunca. Outro mérito é o balanço da produção entre a comédia e o drama, pois consegue fazer piadas absurdas, mas também trata de assuntos sérios e consegue emocionar quando precisa. Inclusive, o gosto musical do diretor continua ótimo, nos entregando momentos memoráveis e uma abertura impossível de pular.
Com oito episódios para focar no protagonista, a obra entra de cabeça na mente de Christopher Smith, mostrando como ele se tornou o que é. Além de conhecermos sua trágica história de origem e seus problemas com o pai, o Pacificador passa por diversos choques de realidade, deixando de ser apenas um alívio cômico e se tornando uma pessoa complexa e com muitas camadas. Além do roteiro de Gunn, outro elemento fundamental para que isso funcione é o próprio John Cena, que entrega uma das melhores atuações da sua carreira (se não for a melhor).
A série ainda conta com muitos outros personagens queridos, como Leota Adebayo (Danielle Brooks), que funciona como um contraponto para o protagonista e representa o coração do grupo; o divertido Vigilante (Freddie Stroma); além da badass Emilia Harcourt (Jennifer Holland). E, claro, não poderia esquecer de Eagly, o mascote que sempre rouba a cena com seu carisma. Já entre os vilões, Auggie Smith (Robert Patrick) é uma ameaça física e psicológica para o filho, só que o destaque fica para as Borboletas, os alienígenas que assumem o corpo das pessoas no estilo Invasores de Corpos. Durante toda a temporada há um mistério intrigante sobre o que elas são e o motivo de estarem na Terra, e é muito interessante ver como a série também mostra o ponto de vista delas.
Pacificador já se tornou a maior série do HBO Max e teve sua segunda temporada confirmada. Não poderia ser diferente, já que a obra possui muitos acertos e já causou um grande impacto no DCEU. Parece que tudo que James Gunn toca vira ouro, então espero que ele consiga ainda mais projetos com a DC, nos revelando outros personagens desconhecidos com potencial para se tornarem fenômenos da cultura pop.