Crítica | Star Wars: A Ascensão Skywalker

Escrito por: Gabriel Santos

em 19 de dezembro de 2019

Star Wars: A Ascensão Skywalker é um projeto extremamente difícil e ambicioso. Ele tem como objetivo concluir e amarrar mais de 40 anos de saga – nove filmes – em pouco mais de duas horas. Isso fica ainda mais complicado quando vemos que esta trilogia passou por Rian Johnson e depois voltou para J.J. Abrams, que agora precisa alinhar as decisões criativas de outro diretor com as suas. O que estou querendo dizer é que o Episódio IX tinha tudo para dar muito errado, mas conclui o arco de maneira tão grandiosa quanto a franquia merece.

A trama conta com um alto grau de imediatismo, ressaltado pela frequente frase: “Se falharmos, tudo será em vão“. Isso faz com que a trama sempre esteja em movimento e as ações se tornem decisivas, aumentando o risco gradativamente. Também vale notar que, por ser o último filme, todos os personagens estão no ápice de suas habilidades, seja no uso da Força, nas batalhas com sabres ou em técnicas de pilotagem. Aqui tudo é muito intenso e dramático desde o início, entregando ao público um espetáculo grandioso.

Os roteiristas Chris Terrio e Abrams tomam a excelente decisão de, pela primeira vez nessa trilogia, trabalhar o trio protagonista Rey (Daisy Ridley)Finn (John Boyega) e Poe (Oscar Isaac) como um grupo. Até então, eles sempre estavam divididos, mas aqui lideram a missão que guia o longa. Seus momentos juntos evocam a aventura espacial dos clássicos, com batalhas empolgantes. A química entre os atores rende cenas divertidas e com um timing pontual – destaque para C-3PO (Anthony Daniels). O resultado é tão bom que me pergunto por que não fizeram isso antes.

Cada um tem seu momento para brilhar isoladamente, com seções dedicadas aos protagonistas. Além de conhecermos mais seus passados, também são apresentados novos personagens que servem apenas como suporte. É o caso de Zorii Bliss (Keri Russell) e Jannah (Naomi Ackie), deixando em aberto um maior aprofundamento de suas origens em possíveis derivados. Também há casos de talentos e elementos desperdiçados, como o General Pryde (Richard E. Grant) e os Cavaleiros de Ren. O roteiro não consegue dar conta de tudo pelo pouco tempo de tela, sendo preciso, pelo menos, mais um filme para explorá-los devidamente.

Uma das questões que mais preocupou os fãs é a forma como resolveriam as cenas com a General Leia após o triste falecimento de Carrie Fisher. O uso das imagens de arquivo funciona de forma técnica, parecendo que a personagem realmente está dentro daquele contexto, porém, é perceptível a limitação nos diálogos. Isso gera um desconforto na condução da trama, mas não impede que suas sequências sejam tocantes.

Sem entregar muita coisa, a presença de Palpatine é justificada de forma rápida e simples, em poucas linhas de diálogo. A atuação de Ian McDiarmid, aliada a uma atmosfera sinistra e sombria, torna suas cenas assustadoras, apropriadas para o grande vilão da saga.

Aqui é sempre trabalhada a ideia da díade entre luz e sombra, Jedi e Sith, e são criados ainda mais paralelos, definindo o papel de cada um nesse universo por meio de dilemas muito interessantes, principalmente para Rey. Há decisões corajosas que certamente vão dividir os fãs, assim como questões resolvidas de forma tão segura que pecam pela falta de originalidade, como se estivessem seguindo uma fórmula.

A Ascensão Skywalker também é eficiente em emocionar seu público. O destaque fica para o retorno de personagens clássicos e momentos épicos, dignos de aplausos – tudo ao som da trilha sonora de John Williams, que dispensa apresentação. A luta da Resistência é cativante, tornando-se impossível não torcer e vibrar junto com eles a cada conquista. Mas vale lembrar que realmente são levados em conta os nove filmes da saga, portanto, aqueles que os assistirem terão uma experiência mais completa e não ficarão perdidos com a história. Claro, esses também conseguirão pegar os diversos fan-services e homenagens à franquia.

Como prometido, o Episódio IX responde as principais perguntas que deixou em aberto. Mesmo não agradando a todos, ele tem os elementos certos para se tornar uma experiência emocional muito poderosa, que vale a pena ser vista nos cinemas. São reservadas muitas surpresas, portanto, fique longe de spoilers.

Crítica | Star Wars: A Ascensão Skywalker
Mesmo sendo um missão extremamente difícil, a conclusão da saga conta com um saldo positivo, resultando em momentos grandiosos, intensos e emocionantes. O clima de aventura espacial está presente com confrontos empolgantes, cenas divertidas e forte química do trio protagonista. Uma experiência épica que vale ser vista nos cinemas.
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