Crítica | Stranger Things 2

Escrito por: Gabriel Santos

em 01 de novembro de 2017

Após o enorme sucesso da primeira temporada de Stranger Things, surgiu uma dúvida: o segundo ano da série vai ser tão bom quanto o primeiro? Se você estava preocupado com isso, pode ficar tranquilo. Stranger Things 2 melhora diversos pontos, como sua temática e personagens, além de expandir o universo, abrindo caminho para novas possibilidades.

Para começar, vamos às referências. Elas ainda continuam presentes, seguindo a intenção de recriar os anos 80 e trazer nostalgia àqueles que viveram essa época. Algumas estão bem explícitas, como a fantasia de Caça-Fantasmas para o Halloween e a própria trilha sonora, mas também aparecem em pontos mais discretos, como em placas para a candidatura da presidência de 1984. São pequenas coisas que até poderiam ficar de fora, mas ajudam a criar uma ambientação e tornar aquele mundo mais real.

Elas não estão ali apenas como simples referências para agradar aos fãs, mas também agregam à trama através dos seus elementos. Isso acontece com o próprio jogo de RPG Dungeons & Dragons, que é usado como analogia para os monstros e os personagens, como “Will, o Mago”. Além de relacionar o cenário de Dig Dug com os túneis feitos pelo monstro dessa temporada.

Ainda em relação à ambientação, a própria atmosfera da série continua eficiente. Os elementos de suspense ganham mais intensidade com a trilha original, que se tornou uma característica marcante, além da própria música incidental, que surge e desaparece nos momentos certos. Assim como na primeira temporada, elas ajudam a dar uma “cara” para a série, explorando uma identidade não só visual, como também sonora.

Dessa vez foi utilizado muito mais CGI, seja nos monstros, no mundo invertido ou nos próprios efeitos visuais dos “poderes”. É possível perceber que houve um aumento no orçamento, que deixou a produção bem mais confiante para arriscar nessa questão técnica. Inclusive, as criaturas tiveram um maior destaque desta vez, não sendo mostradas “escondidas” ou apenas através dos sons ou ruídos. Mas nada adianta uma mega produção se não tivermos uma boa história, certo? E Stranger Things também não fez feio nisso.

A trama se passa quase um ano depois dos acontecimentos da primeira temporada, e trata justamente dessas consequências, como o que aconteceu com Will e Eleven. Por outro lado, outros núcleos também são explorados, saindo da pacata cidade de Hawkins e aprofundando a história. É possível perceber que os Irmãos Duffer ainda tem muita coisa para contar, então faz sentido que a série realmente tenha cerca de quatro temporadas sem muita enrolação.

O enredo sabe trabalhar muito bem a relação dos personagens, e não estou falando apenas do quarteto principal, que está ótimo como sempre. O elenco aumentou, e isso foi muito bem-vindo para a série, que soube criar novas dinâmicas, além de aproximar e separar conexões já estabelecidas. Cada um conta com seu próprio arco, alguns mais desenvolvidos do que outros, mas que não podem ser resolvidos sozinhos.

Especificamente, Will ganhou mais destaque por conta das consequências da primeira temporada. Inclusive, diria que esse ano é basicamente centrado no personagem, exigindo mais de seu ator, Noah Schnapp. Também é bom destacar o trabalho de Winona Ryder como Joyce Byers, que passa muito sentimento no papel de uma mãe preocupada com o filho. Os novos integrantes do elenco também não decepcionam, como os irmãos Max (Sadie Sink) e Billy (Dacre Montgomery), que conseguem dar uma boa movimentação na trama.

Eleven (Millie Bobby Brown) está mais distante do elenco principal, aprofundando mais em seu passado e partindo para uma jornada de autoconhecimento. Além disso, é interessante assistir a relação paternal entre ela e Hopper, principalmente por conta das experiências familiares que os dois tiveram anteriormente. Os dois erram, mas também tem muito o que aprender juntos.

Um dos melhores pontos de Stranger Things 2 é o seu ritmo, que não se mostra arrastado, como normalmente acontece em séries. Além disso, o número de episódios é o suficiente para contar a história que pretende, sem se estender ou correr com ela. É comum vermos em outras produções episódios que nada acontece ou um número exagerado de capítulos, que desanima qualquer um a ver. Mas esses erros não são cometidos aqui.

Além disso, qualquer tipo de protagonismo é deixado de lado, sabendo dar o nível certo de destaque para cada personagem. Dessa forma, não existe favoritismo entre o quarteto principal, e os secundários, como Steve Harrington (Joe Keery), contribuem mais para a trama. Isso pode ser notado, por exemplo, na dinâmica criada entre ele e Dustin.

Outro destaque está no tom da série, que transita por diferentes gêneros e trata de assuntos sérios e mais bem-humorados sem parecer forçado. Os alívios cômicos ainda estão lá, mas também são inseridas cargas dramáticas e um maior senso de perigo/ameaça num sentido mais aventuresco. Acrescente suspense, terror e até uma certa pitada de romance para completar.

Para quem gostou de Stranger Things, sua sequência aproveita tudo que deu certo antes e ainda abre novos caminhos para a trama, que se torna maior do que imaginávamos. São 9 episódios que te deixa cada vez mais ansioso para o próximo, e quando você se dá conta, já chegou ao fim.

Crítica | Stranger Things 2
Stranger Things 2 cumpre a difícil tarefa de fazer uma temporada melhor que sua anterior. Ela é divertida, dramática e viciante.
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