Crítica | Stranger Things – 3ª Temporada

Escrito por: Gabriel Santos

em 09 de julho de 2019

Atualmente, Stranger Things é um dos carros-chefe da Netflix. Com a popularidade das temporadas anteriores, devido ao elenco cativante e o tom de mistério envolvente, a estreia da terceira temporada se tornou uma das maiores investidas do serviço de streaming para este ano. A grande questão era se corresponderia à expectativa criada.

Se a segunda temporada se situava no Halloween de 1984, desta vez os eventos acontecem próximos ao Dia da Independência dos EUA. O fato da estreia ter sido colocada no dia 4 de julho ajudou o público a se sentir mais envolvido com o clima de férias proposto. Agora, os protagonistas estão mais velhos e o inimigo é o Devorador de Mentes, a maior ameaça até então.

Esta temporada trabalha muito a questão de como os personagens amadureceram desde a última vez que os vimos. As crianças agora passam por problemas de adolescentes: alguns sofrem com o término do primeiro relacionamento, outros sentem falta de ficar apenas jogando RPG durante o dia todo. Enquanto isso, os mais velhos passam pela experiência do primeiro emprego. Todas essas novas situações são muito bem vindas, principalmente por todo elenco ser muito carismático e as dinâmicas serem divertidas de se acompanhar.

Um dos problemas que este ano poderia ter é a grande quantidade de personagens. Porém, o roteiro sabe dividi-los em grupos e fazer com que todas as subtramas se encontrem de maneira orgânica. Esta temporada apresenta uma das tramas mais “redondas” de toda série, havendo um propósito para tudo que é adicionado. Por exemplo, há uma piada estabelecida no primeiro episódio que volta como um dos momentos mais emocionantes de Stranger Things no final.

Mesmo que apenas Eleven (Millie Bobby Brown) seja a personagem com poderes aqui, todos têm o que fazer e contam com um momento para brilhar, incluindo as adições no elenco. Robin (Maya Hawke), colega de trabalho de Steve (Joe Keery), tem um papel fundamental na história e acrescenta bastante ao arco do personagem. Suzie (Gabriela Pizzolo), namorada de Dustin (Gaten Matarazzo), é quem conta com a menor participação, mas rouba a cena em um momento musical dentro de uma cena de tensão – e ainda funciona. Enquanto Alexei (Alec Utgoff) se distingue dos antagonistas, funcionando como um contraponto dos clássicos vilões russos. Ainda vale destacar a participação mais ativa de Erica (Priah Fergunson), que teve uma pequena ponta na segunda temporada, mas aqui tem muito mais o que fazer, contando com muita personalidade.

Uma das bandeiras levantadas pela série nesta temporada a dos próprios Estados Unidos. A temática do Dia da Independência é usada para discutir a questão do patriotismo americano, incluindo a clássica rixa do país com a Rússia. Felizmente, enquanto nos filmes da época havia um grande maniqueísmo, colocando os americanos como heróis, aqui a linha é mais tênue, mostrando que há pessoas boas e ruins dos dois lados. Também é interessante acompanhar a mentalidade dos personagens da série, que vilanizam os russos devido ao contexto histórico.

Como sempre, a ambientação é tão eficaz que nos faz acreditar que estamos assistindo a uma produção da época. Maquiagem, cabelo e direção de arte são alguns dos elementos responsáveis por isso. Além do contexto político que a temporada retrata, não poderiam faltar referências e easter eggs dos anos 1980, que ficaram ainda maiores com a chegada do shopping em Hawkins. Isso quer dizer que mais brinquedos, cartazes e músicas estão presentes. Por exemplo, nos cinemas estava estreando De Volta Para o Futuro e a reação das pessoas assistindo pela primeira vez é genuína. Por outro lado, o shopping também trouxe diversas marcas conhecidas pelo público e, em alguns momentos, parece que os personagens estão explicitamente fazendo uma propaganda dentro da série, o que nunca pega bem.

Outro elemento mais presente é o mistério, criado através de uma trama fluida que fica cada vez mais intrigante conforme assistimos. É uma temporada feita para maratonar, nunca ficando cansativa. Isso se deve ao excelente ritmo, montagem dinâmica e a ausência de “tempos mortos”. Sempre alguma coisa está acontecendo. Até mesmo o último episódio, que conta com uma 1h20m de duração, não parece tão extenso.

As sequências de ação e os efeitos visuais também evoluíram com o passar dos anos, se tornando convincentes e quase imperceptíveis. Com isso, a cada episódio somos presenteados com, pelo menos, um embate memorável e tenso entre os personagens.

O final da série, como já era de se esperar, abre espaço para uma nova temporada. Ainda há fôlego para mais episódios e, depois do que vimos, fica a curiosidade para saber o que vai acontecer com os protagonistas.

Crítica | Stranger Things – 3ª Temporada
A terceira temporada de Stranger Things apresenta um roteiro mais redondo e aposta no carisma dos personagens, que estão vivendo novos momentos de suas vidas. A recriação da época e os efeitos visuais convencem, entregando momentos marcantes.
4.5

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