Crítica | The Cloverfield Paradox

Escrito por: Gabriel Santos

em 11 de fevereiro de 2018

Na noite do Super Bowl, a Netflix surpreendeu a todos com o trailer de The Cloverfield Paradox, pois o filme entraria no catálogo apenas algumas horas depois, após a final da NFL. Depois do ótimo Cloverfield (2008), que trouxe a pegada found footage para um filme de monstros; e de Rua Cloverfield, 10 (2016), que mais uma vez reinventou a franquia, agora tivemos mais um longa totalmente diferente, prometendo conexões e explicações sobre os eventos anteriores.

Dessa a vez a maior parte da trama se passa fora da Terra, onde acompanhamos um grupo de astronautas em uma estação espacial para resolver um problema de crise energética no planeta. Durante a missão, eles acabam parando em outra dimensão, causando o Paradoxo Cloverfield que dá título ao longa, onde monstros de universos paralelos aparecem nossa realidade. Isso explica de onde vieram as criaturas do primeiro filme.

The Cloverfield Paradox segue o mesmo enredo de outras produções do gênero terror espacial, como a franquia Alien. Basicamente, são pessoas confinadas em uma estação espacial e vemos todas morrerem, uma a uma. Felizmente, mesmo que já estejamos acostumados com isso, o filme consegue criar novas dinâmicas interessantes, principalmente pelos eventos ligados às dimensões paralelas. Isso é explorado, por exemplo, com a personagem de Elizabeth Debicki, que aparece posteriormente de forma inusitada.

Por outro lado, existem momentos que o filme acaba escorregando na seriedade das situações em que se encontra. O que menos se encaixa é o personagem de Chris O’Dowd, que funciona como um péssimo alívio cômico, já que suas piadas surgem no piores momentos. Ainda é possível notar elementos trash nos efeitos visuais e em algumas mortes, onde sentimos falta de peso dramático, destoando dos filmes anteriores.

No filme, cada astronauta é de um país diferente, e isso é quase correspondente aos atores. É possível perceber pequenos detalhes, como o sotaque ou a personalidade, mas a representatividade pecou com o personagem brasileiro, que é interpretado por John Ortiz. Em meio a tantos bons atores brasileiros, a ideia de ter o país na produção foi boa, mas mal executada. O ator não passa nenhuma característica brasileira, parecendo estar ali apenas para cumprir a cota latina da produção. Mesmo assim é legal ver, não só a bandeira, como a logo da Agência Espacial Brasileira.

A atuação mais marcante é a da protagonista, interpretada por Gugu Mbatha-Raw. Sua personagem tem uma maior carga dramática por conta de sua relação com a Terra e sua família, e a atriz consegue tocar o público com seus sentimentos. Infelizmente, ela é a única personagem que se destaca, pois os outros são resumidos a estereótipos de produções desse estilo, como o traidor, o líder, o comediante, etc.

Apesar dos pontos negativos, o filme consegue entreter e instigar a curiosidade do espectador a cada novo acontecimento na estação espacial. Ao mesmo tempo, ele cria conexões com os filmes anteriores e justifica os eventos de todo o universo. Por outro lado, ele fica se explicando a todo momento com diálogos expositivos e se apressa demais no arco final, onde tenta resolver tudo de uma vez.

The Cloverfield Paradox pode não ser perfeito, e nem o melhor da trilogia, mas certamente tem uma boa justificativa para existir. Assim como nos filmes anteriores, ele sabe criar novas dinâmicas em cima de um gênero já conhecido, sempre somando à experiência do espectador. Apesar de um problema ou outro, o saldo é positivo.

Crítica | The Cloverfield Paradox
Mesmo com um gênero que já estamos acostumados, The Cloverfield Paradox cria dinâmicas interessantes que conseguem entreter o público e explicar eventos dos filmes anteriores.
3.5

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