Crítica | The Flash

Escrito por: Gabriel Santos

em 15 de junho de 2023

A DC nos cinemas sempre passou por altos e baixos. É só lembrarmos que seus últimos lançamentos foram os ótimos O Esquadrão Suicida e The Batman, e os questionaveis Adão Negro e Shazam: Fúria dos Deuses. Agora, com James Gunn e Peter Safran no comando, parece que o estúdio está tentando manter uma consistência e colocar ordem na casa.

Um dos filmes elogiados pelo co-presidente da DC Studios é The Flash, estrelado por Ezra Miller e baseado em Flashpoint. A adaptação estava em desenvolvimento, pelo menos, desde 2014, ainda durante a época do Universo Estendido da DC (DCEU). Até que em 2019 o diretor Andy Muschietti entrou a bordo, dando forma final ao projeto.

Assim como nas HQs, o filme acompanha Barry Allen tentando evitar a morte de sua mãe e a prisão de seu pai ao viajar no tempo. No entanto, suas ações causam uma bagunça na linha do tempo, colocando o multiverso em perigo.

Como era de se esperar, o longa precisou fazer algumas adaptações em relação à trama original e simplificar muita coisa, mas o roteiro faz um bom trabalho ao tentar conectá-lo aos elementos já estabelecidos no universo cinematográfico da DC.

O filme começa de forma divertida, sabendo rir de si mesmo e do gênero de super-heróis como um todo, sendo esse um dos seus maiores méritos. Além disso, ele explora os poderes e a vida do protagonista de uma maneira que nunca havia sido feita antes nos cinemas, dando o destaque que o personagem merece.

Como visto no trailer, Ezra Miller interpreta dois Barry Allens, um mais experiente e outro menos, o que é crucial para a interação entre eles. A dinâmica entre os dois funciona tanto para momentos de alívio cômico quanto para ajudar a aprofundá-los. De certa forma, podemos dizer que tivemos um filme de origem do Flash, em que o próprio personagem tem muito a aprender consigo mesmo.

É ótimo ver Michael Keaton retornando ao papel de Batman, entregando cenas de ação bem coreografadas e trazendo momentos mais dramaticos que acrescentam bastante ao arco de Barry, já que os dois perderam seus pais. Kara (Sasha Calle) tem seus momentos para brilhar como Supergirl e se mostra uma excelente adição à DC Studios. No entanto, é inegável que ela não é explorada o suficiente e acaba funcionando mais como um dispositivo narrativo do que como uma personagem que devemos nos importar verdadeiramente, se tornandoum grande desperdício. O mesmo pode ser dito sobre o vilão Zod (Michael Shannon), que é menos imponente e desenvolvido em comparação com sua versão em Homem de Aço, servindo mais como um simples obstáculo do que como um verdadeiro antagonista.

A estética visual é um aspecto que gera discussão, com pontos positivos e negativos. Em várias cenas, parece que o filme saiu diretamente das páginas de uma história em quadrinhos, com planos e sequências belíssimos e icônicos, explorando os poderes e uniformes dos personagens. No entanto, os efeitos visuais deixam muito a desejar, com cenários genéricos e pouco inspirados. Isso prejudica a experiência do filme, tirando a emoção pretendida nas diversas homenagens ao universo da DC que o longa se propõe a fazer. Apesar de tentar emocionar o público com surpresas agradáveis, os efeitos visuais são um obstáculo para alcançar esse objetivo. O maior problema está nas representações em CGI dos rostos e na mistura de elementos reais com elementos em computação gráfica. Isso quebra a imersão em vários momentos, o que é uma pena, já que há várias ideias malucas e criativas que poderiam ser melhor executadas.

The Flash é uma adaptação bastante ambiciosa que tenta abordar muitas coisas ao mesmo tempo: desde o drama intimista de um herói que quer evitar a morte da mãe, até a exploração do extenso multiverso da DC ao longo dos anos. No final, acaba sendo mediano em todos os aspectos. O filme é divertido e cheio de boas intenções, mas deixa a sensação de que tinha um enorme potencial e poderia ter sido melhor executado com um pouco mais de planejamento. Talvez seja isso que falta para a DC nos cinemas atualmente.

Crítica | The Flash
The Flash é uma adaptação ambiciosa que não alcança seu potencial, faltando o planejamento necessário para executar plenamente suas grandes ideias, resultando em um filme mediano que é divertido, mas deixa uma sensação de oportunidades perdidas.
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