Crítica | The Mandalorian (2ª Temporada)

Escrito por: Gabriel Santos

em 18 de dezembro de 2020

Acho que já podemos dizer que The Mandalorian é a melhor produção do Disney+, né? A série estreou em 2019, junto com o serviço de streaming, prometendo ser uma das suas principais atrações. O problema é que a plataforma ainda não tinha chegado ao Brasil e não era possível assistirmos aos episódios oficialmente – o que mudou agora. Depois da franquia ter decepcionado boa parte dos fãs com A Ascensão Skywalker, o novo ano prometia recuperar a confiança do público expandindo o universo da saga com novos personagens, além de contar com uma boa dose de fanservice. E não é que realmente entregou?

Depois do primeiro ano nos apresentar o caçador de recompensas Din Djarin (Pedro Pascal) e começar a desenvolver sua relação com Grogu, popularmente conhecido como Baby Yoda, agora o foco era sua missão de entregar a Criança para seu povo: os Jedi. Apenas com essa sinopse já era esperado algum tipo de referência, o que foi reforçado pelos rumores que começaram a surgir, mas o melhor ponto é que nada é feito para agradar aos fãs gratuitamente.

Sem entrar em detalhes, todas as participações especiais são feitas com muito respeito aos personagens, principalmente pelos envolvidos conhecerem muito bem a obra. Há um excelente trabalho em criar expectativa sobre o que vem a seguir, mas o grande acerto está no fato de que a série realmente entrega tudo que promete. Levando em conta o envolvimento de Dave Filoni, era questão de tempo até que víssemos referências e menções às animações da saga, tornando-se um dos maiores acertos, conectando todas as histórias de forma satisfatória. Para aqueles que já conheciam as outras séries, é ótimo rever seus personagens queridos em live-action. Já para os que ainda não conhecem, cria um interesse maior em se aprofundar nesse universo.

Tecnicamente, a obra continua sendo um espetáculo visual. Desde o primeiro episódio há sequências de ação incríveis, sem dever nada ao que vemos nos cinemas, e a qualidade é mantida durante todos os oito episódios. É um prato cheio desde batalhas contra criaturas grandiosas, lutas corpo a corpo bem coreografadas e perseguições espaciais. Também vale destacar o equilíbrio entre os efeitos visuais e práticos aliado ao trabalho de cabelo e maquiagem, rendendo personagens convincentes que os protagonistas encontram pelo caminho, com variadas formas e cores, de diferentes planetas. Ainda não poderia deixar de mencionar a belíssima trilha sonora marcante de Ludwig Goransson, responsável por deixar os momentos-chave ainda mais icônicos. Inclusive, em todo final de episódio, é tentador não ficar até o fim dos créditos só para ouvir a música tema completa.

A dupla Din e Grogu são o coração dessa história e, desta vez, o laço entre os dois ganha ainda mais destaque. Mesmo usando um capacete por boa parte do tempo, a atuação de Pedro Pascal é expressiva o suficiente para passar ao espectador o quanto ele se importa com a Criança e sua relação emocional de pai e filho. O próprio Baby Yoda tem seus momentos para brilhar e ser fofo, apesar de achar que há um certo exagero no uso do personagem como alívio cômico, servindo como uma distração às missões. Ainda destaco a presença imponente de Giancarlo Esposito como Moff Gideon, o retorno de Gina Carano como Cara Dune e as excelentes surpresas no decorrer dos episódios que não vou contar para não estragar a experiência.

A série ainda tem como ponto positivo ser exibida em um serviço de streaming, o que favorece o tipo de história que se quer contar da forma que se quer contar. A exibição semanal funciona pela estrutura da temporada, onde a cada episódio temos uma aventura diferente, dirigida por um diretor distinto, como se fosse um filme dividido em várias partes, apresentando diferentes visões. Assim, sempre temos uma coisa nova a cada semana e a história nunca é abordada da mesma forma. Há capítulos mais lentos, outros mais dinâmicos, alguns com foco na ação, outros reflexivos e, graças a exibição em uma plataforma de streaming, temos episódios que vão de meia hora até uma hora de duração. Não existe a preocupação de apressar as coisas ou enrolar a trama. Tudo é feito no seu tempo.

A segunda temporada de The Mandalorian com certeza é melhor que a primeira. A produção cumpriu seu papel, entregando tudo que prometeu e concluindo o arco proposto. Mas isso não quer dizer um fim, já que o terceiro ano já está confirmado e foram abertas muitas possibilidades para onde a trama pode seguir. O projeto deu tão certo que está rendendo, pelo menos, três spin-offs, mostrando que a fase ruim ficou pra trás e a franquia voltou a ganhar força. A obra expande seu universo com novos rostos, mas sem deixar de lado o que tornou a saga tão popular, entregando aos fãs o que eles merecem. Como deve ser.

Crítica | The Mandalorian (2ª Temporada)
A produção supera a qualidade da primeira temporada, entregando tudo o que promete e trazendo ótimas surpresas ao longo do caminho.
4.5

Compartilhe!