Crítica | Um Pequeno Favor

Escrito por: Pedro Henrique Figueira

em 26 de setembro de 2018

Paul Feig é um diretor de comédias. Seus trabalhos em Missão Madrinha de Casamento (2011), As Bem-Armadas (2013) e A Espiã Que Sabia de Menos (2015) mostram que ele sabe trabalhar timing de piadas e aproveitar o lado mais cômico dos atores. Por exemplo, como ele fez com Jason Statham, no último filme citado anteriormente. Em Um Pequeno Favor, Feig deixa a sua assinatura bem clara. Mesmo tendo toques de suspense, o humor sarcástico e ácido é a peça fundamental para o ótimo resultado visto em tela. E a mistura desses gêneros é sensacional.

Com base no livro de Darcey Bell e roteiro de Jessica Sharzer, o filme começa quando Emily (Blake Lively), a “nova amiga” de Stephanie (Anna Kendrick), pede para ela pegar seu filho na escola. Só que depois, Emily desaparece misteriosamente, fazendo com que Stephanie procure por pistas para descobrir a verdade por trás do súbito sumiço. Nesta trama com toques de Garota Exemplar (2014), a comédia é o que faz desse trabalho algo tão original.

Um Pequeno Favor é divertidíssimo até o último minuto, além de muito estiloso em sua construção. Os diálogos engraçados e o ótimo texto, interpretados perfeitamente por Anna Kendrick e Blake Lively, criam uma narrativa extremamente leve, diante de uma história de certa forma sombria. Lively é talentosa, mas quem realmente rouba a cena é Kendrick. Na franquia A Escolha Perfeita, a atriz já tinha demonstrado seu excelente timing para o humor. Mas aqui ela eleva sua habilidade, dando à Stephanie risadas, expressões e gestos que nos fazem rir praticamente toda vez que aparece.

A construção de ambas as personagens também é ótima. Existe um jogo de segredos entre Emily e Stephanie que cria cenas incríveis, mostrando como a dupla de atrizes tem bastante entrosamento. O contraste entre as duas está desde o figurino até a personalidade. Emily é passiva-agressiva, sendo vista como o padrão de mulher bem sucedida. E Stephanie, sendo tímida e às vezes sem saber o que dizer, admira ela, criando quase que uma obsessão. É como se pudessem se completar, podendo uma ensinar a outra questões que ajudariam a tornar a vida melhor. Emily é a que mais faz isso, influenciando o desenvolvimento de Stephanie.

Quando o longa entra na veia do suspense, o resultado funciona em grande parte. A questão é que o roteiro insere humor até nos momentos mais tensos. Sim, é muito bom e é o objetivo com o público. Porém, tem vezes que isso tira o peso de algumas situações. Em uma das cenas mais importantes, que deveria causar impacto para quem assiste, o choque emocional é nulo por causa desse tom cômico. Mas, como disse anteriormente, a combinação é ótima.

Vale destacar também os sensacionais vlogs culinários que Stephanie faz – engraçados e uma ideia inteligente para a trama, além dos divertidos e talentosos atores mirins Joshua Satine e Ian Ho – o primeiro interpreta Miles, filho de Stephanie, enquanto o segundo faz Nicky, filho de Emily.

Um Pequeno Favor mostra um outro interessante lado do diretor Paul Feig. Não tão sombrio como o trailer propõe, mas extremamente divertido, inteligente e com boas reviravoltas no terceiro ato. Simplesmente um cômico e maravilhoso suspense com protagonistas femininas e fortes.

Crítica | Um Pequeno Favor
O diretor Paul Feig mais uma vez mostra sua excelente assinatura de comédia, ao mesmo tempo que mistura com o suspense – fazendo de Um Pequeno Favor um filme divertido, ácido e com incríveis protagonistas femininas. Anna Kendrick e Blake Lively brilham em seus papéis, mas o verdadeiro destaque é para Kendrick.
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