Crítica | Venturion

Escrito por: Gabriel Santos

em 17 de maio de 2019

Rio2C é conhecido por ser o maior evento de criatividade e inovação da América Latina. Se a edição de 2018 já estava recheada de experiências em realidade virtual, este ano conseguiu se superar com um jogo de hiper-realidade: Venturion. O conceito alia o conhecido VR com um cenário real que simula sensações, incluindo calor, vento e textura, que tornam a experiência ainda mais imersiva.

Disponível durante todos os dias do evento, o jogo chamava atenção antes mesmo de entrar. Quem estava do lado de fora não podia ver a sala por dentro, mas era possível notar que se tratava de uma experiência em realidade virtual diferenciada. Um dos motivos é o fato de que o gameplay dura por volta de 15 minutos, tempo superior ao da maioria desses jogos, proporcionando mais engajamento ao jogador. Isso também significa que os desenvolvedores da TAPPS VR realmente se dedicaram para criar algo complexo e desafiador.

A entrada na sala, de fato, só pode ser feita com o óculos e trackers HTC Vive. Com isso, somos transportados, não para um local fechado e escuro, mas para um ambiente virtual com uma marcação no chão. Isso indica que podemos nos movimentar como bem quisermos com todo o corpo, e não apenas com a cabeça.

Outro fator que aumenta a imersão é uma voz que passa instruções do que fazer. Essa pessoa não é real, mas sim um personagem que faz parte do jogo. Além de estar coordenado com tudo que acontece, ele também é bem-humorado e faz comentários pertinentes sobre o que está acontecendo, como se fosse um guia. Ele é carismático a ponto de ser quase impossível não tentar respondê-lo – apesar dele não te ouvir.

A história em si se assemelha bastante a jogos de escape room, onde precisamos realizar ações e solucionar enigmas para sair de uma sala. Neste caso, o ambiente se assemelha a uma espécie de templo de uma civilização antiga e há diversos artefatos com os quais precisamos interagir, desde uma tocha até uma cadeira. O mais interessante é que sentimos de verdade tudo que tocamos, pois existem objetos reais equivalentes à sua versão virtual. A precisão é praticamente perfeita, com apenas algumas minúcias que podem ser perceptíveis pelos mais perfeccionistas.

Como se não bastasse, também podemos sentir calor ao acender uma tocha e vento quando há uma corrente de ar. Esses pequenos detalhes fazem toda diferença no gameplay, pois é através desses sentidos, além da visão, que passamos a aceitar aquele mundo como real.

Mesmo desafiador, o jogo é acessível, até para aqueles que não estão acostumados com essa tecnologia. Um dos pontos positivos é o fato de que não é preciso usar um controle para jogá-lo, pois tocamos nos objetos com as próprias mãos. Isso cria mais realismo e familiaridade e, ao mesmo tempo, torna seu manuseio mais fácil.

Por outro lado, ainda há situações em que o jogador pode ficar perdido, pois o jogo não explica exatamente o que é preciso ser feito. Para isso, existem pessoas – reais – que podem ajudar o jogador com dicas, dando comandos. Diferente da voz que nos guia dentro do jogo, considero a necessidade de um auxílio externo como um problema.

Se tem uma coisa que ainda não torna a experiência 100% imersiva são os fios do óculos HTC. Em diversos momentos eles atrapalham na locomoção, principalmente porque nos movemos por toda sala e os cabos podem se enrolar ou limitar nossas ações. Isso também nos faz lembrar que estamos em um ambiente virtual e não lá de fato.

Venturion é uma das primeiras experiências com essa tecnologia de hiper-realidade e uma das poucas a chegar ao Brasil. Claro, ainda há o que melhorar, mas já está muito à frente do que estamos acostumados quando falamos de realidade virtual. É um caminho que pode ser seguido para aplicação em eventos, mas está muito longe de se tornar viável em casa. Mesmo assim, não deixa de ser uma experiência que vale a pena ser conferida e apreciada pelos otimistas da área.

Crítica | Venturion
Venturion é uma experiência que se destaca em meio a produções de realidade virtual, explorando outros sentidos além da visão e tornando a interação com objetos mais realista.
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