Através de um olhar emocional, o diretor Gustavo Pizzi faz de Benzinho um drama que mexe com o público, falando sobre maternidade e “síndrome do ninho vazio”. O longa brasileiro abriu a mostra mundial dramática do Festival de Sundance 2018 e recebeu vários elogios pela imprensa internacional.

Chegando esta semana nas telonas brasileiras, a pré-estreia do filme aconteceu na última segunda (20), no Espaço NET Rio de Botafogo. A noite contou com a presença do diretor e de quase todo o elenco, incluindo a protagonista Karine Teles – que interpreta Irene.

Na ocasião, Gustavo Pizzi nos explicou como surgiu a ideia do projeto:

“Depois que tive filhos – eles estão no filme, inclusive, são os gêmeos Francisco e Artur – e depois de sair de casa foi quando consegui pensar nos meus pais, e o que poderia ter acontecido na cabeça deles quando saí de lá. Então a partir daí comecei a pensar: “caramba, se os meus filhos seguirem o mesmo caminho que o meu, daqui a pouco eles estarão indo embora também”. Esse lugar de não saber o que poderia acontecer foi o que me interessou. O que me motivou muito a criar esse roteiro, a criar essa história. E do ponto de vista da mulher, da mãe. E não do menino, como normalmente é feito nos filmes.”

Pizzi ainda falou do grande desafio de dirigir os filhos: “Eles são muito inteligentes. A gente ensaiou muito, mas sem dar o texto pra eles. Antes improvisávamos e muitas das cenas eram relacionadas ao universo da história. Então tivemos a preocupação de tornar todas aquelas pessoas parte de uma família, por mais que além deles estivessem o Luan, primo deles, e a Karine. Tivemos muita improvisação, mas aos poucos eles foram falando praticamente igual a tudo que estava no roteiro.”O diretor Gustavo Pizzi segurando os gêmeos Artur e Francisco Teles Pizzi, respectivamente, na pré-estreia de “Benzinho”.

Francisco e Artur também são filhos de Karine Teles, com quem Pizzi foi casado. Durante o processo de filmagens o casal se separou, mas a parceria entre eles resultou em um belo projeto nas telas.

“Isso foi o mais difícil”, disse Teles sobre separar a mãe da atriz. “Era inclusive a nossa dúvida assim, de colocar ou não os meninos no filme. Que a Irene é uma mulher completamente diferente de mim, e eles tem outros personagens que eles mesmo criaram. Mas criança tem uma facilidade muito grande de entrar no jogo, né. Então o set foi bem tranquilo e o Gustavo muito carinhoso dirigindo… Os meninos ficavam à vontade de brincar de serem outras pessoas e se relacionarem comigo, como se eu fosse outra pessoa. Acho que isso ficou claro no filme, de que eles entraram na brincadeira.”Elenco de “Benzinho” reunido: Luan Teles, Adriana Esteves, Karine Teles, Otávio Muller, Mateus Solano e embaixo os gêmeos Francisco e Artur Teles Pizzi – Foto: Luan Ribeiro / Arte Cult (Foto: Luan Ribeiro/Arte Cult)

A atriz ganhou ainda mais reconhecimento com seu papel em Que Horas Ela Volta?, longa de sucesso de 2013, onde interpretou a Bárbara – uma personagem com muito poder aquisitivo, mas uma mãe ausente. E quando perguntamos o que Irene poderia falar para Bárbara, e vice-versa, Teles nos disse:

“Acho que se uma pudesse dar um conselho para a outra, a Bárbara ia ensinar a Irene a se vestir melhor e a Irene ensinaria para ela duas ou três coisas sobre amor”, brincou.Respectivamente: Karine Teles como Bárbara em “Que Horas Ela Volta?” e Irene em “Benzinho”.

A atriz Adriana Esteves também está no elenco, interpretando Sônia, irmã da protagonista. A personagem dela sofre violência doméstica do marido Alan (César Troncoso) e pede ajuda de Irene. Com um papel forte e difícil, Adriana nos contou qual cena mais mexeu com ela:

“Assisti o filme uma vez só, no Festival de Gramado, e o que mais me impactou foi a primeira cena da personagem. É quando ela chega já muito cansada da situação e vai pedir o colo e abraço da irmã.”