Crítica | Mentes Sombrias

Escrito por: Pedro Henrique Figueira

em 15 de agosto de 2018

Adaptar uma obra infantojuvenil não é uma tarefa fácil, principalmente com tantas sendo trazidas para os cinemas. Em meio a várias distopias adolescentes, é preciso trazer algo novo e uma trama que realmente faça o público se interessar pelo que está assistindo. Infelizmente, Mentes Sombrias carrega esse peso e erra bastante em sua proposta.

A história, adaptada do livro de Alexandra Bracken, apresenta um mundo apocalíptico onde uma pandemia matou a maioria das crianças e adolescentes da América. Os sobreviventes desenvolveram poderes sobrenaturais e foram tirados de suas famílias pelo governo. Ruby (Amandla Stenberg), uma das sobreviventes, consegue escapar com outras crianças e descobre muito mais sobre os seus poderes.

A trama não oferece grandes novidades com relação ao que já surgiu nos cinemas. Vendido como uma mistura de X-Men e Jogos Vorazes, o filme tem sim algumas semelhanças com essas franquias. Mas Mentes Sombrias não consegue trazer emoção e abordar as suas discussões sociais e políticas de uma forma interessante.

Algumas questões como torturar e escravizar crianças são inseridas, mas se tornam completamente descartáveis dentro do que o longa pretende abordar. A diretora Jennifer Yuh Nelson não consegue conduzir bem a história, tornando toda a ambientação muito rasa. Existem muitos conceitos e eles não são bem explicados. Em tela, esses elementos são condensados com siglas e nomes, mas que deixam o filme inchado. São muitas informações para pouco roteiro.

Tudo acontece de forma bem previsível e sem trazer surpresas ao público, porque muito do que é apresentado já foi utilizado em outros longas. E existe um sério problema: o sentimento de perigo é quase nulo, principalmente no segundo ato. Os personagens conseguem facilmente traçar o principal objetivo, sem nenhum obstáculo no caminho. E quando aparece algum problema ele é logo solucionado pelos poderes da protagonista Ruby, quebrando a expectativa de que algo vai impedir a jornada do grupo principal. Isso tudo, dentro de uma trama apocalíptica, incomoda bastante.

Assim, o foco maior é no desenvolvimento da protagonista e de seus amigos Liam (Harris Dickinson), Zu (Miya Cech) e Bolota (Skylan Brooks). Cada um tem seu momento, mas Ruby é quem possui o mais complexo e dramático passado. A personagem de Amandla Stenberg é determinada e possui uma grande força interior, sendo um exemplo para o protagonismo feminino. E a atriz, que participou de Jogos Vorazes e estrelou o recente Tudo e Todas as Coisas, entrega uma boa atuação. Já Zu também tem destaque, muito pelo carisma que Miya dá a ela, enquanto Dickinson e Brooks estão bem dentro do que os seus personagens são.

O mesmo não pode se dizer do resto do elenco. Todos os atores trazem interpretações completamente caricatas – principalmente os vilões, que não apresentam uma real ameaça e não possuem motivações convincentes. Fica o sentimento de que o roteiro destacou muito seus quatro personagens principais, mas se esqueceu de trazer antagonistas e coadjuvantes realmente interessantes.

Mentes Sombrias possui bons conceitos e dá margem para continuações. Mas é o início de uma franquia que deve seguir o mesmo caminho de A Quinta Onda: sem terminar toda a sua história, pois o resultado cinematográfico não é positivo. Um filme esquecível.

Crítica | Mentes Sombrias
Infelizmente, Mentes Sombrias possui um roteiro fraco e que não consegue explicar bem todos os conceitos apresentados em tela. Além disso, a distopia não traz novidades para o gênero, se tornando esquecível e mais uma franquia que deve ser interrompida.
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