Crítica | Love, Death & Robots: Volume 2

Escrito por: Gabriel Santos

em 17 de maio de 2021

Em 2019, a Netflix adicionou ao seu catálogo a série antológica Love, Death & Robots, que logo foi comparada à Black Mirror e atraiu a atenção de muita gente pelo visual impressionante, conceitos diferenciados e tramas que envolvem amor, morte e robôs. Recentemente, a produção não só foi renovada, como teve seu terceiro ano confirmado. Infelizmente, o Volume 2 conta apenas com oito episódios, o que é bem pouco se for comparar com os 18 da temporada passada, mas a qualidade se manteve, entregando ótimos episódios.

Atendimento automático ao cliente

Esse episódio foi bem divertido, e diria que foi um dos poucos que realmente teve mais foco na comédia. Os personagens daqui tinham um visual bem diferente, com um corpo desproporcional, mas todo o resto era realista, tornando-o único. Ele apresenta um mundo totalmente automatizado, onde os robôs fazem tudo pela gente, o que já foi visto em outras produções, como Wall-e. O mais legal desse curta é a forma como satirizam o SAC, o serviço de atendimento ao cliente, trazendo muita ironia para um mundo onde tudo é tratado com a frieza de uma máquina. É uma ótima maneira de mostrar as consequências de uma realidade dominada por robôs com muito bom humor. Inclusive, eu assistiria uma conitnuação mostrando a protagonista tendo que lidar com a revolta das máquinas.

Gelo

Gelo é o curta mais experimental daqui, chamando atenção pelo seu visual estilizado, que às vezes até parece uma mistura de 2D com 3D. Achei interessante a forma como ele dá detalhes sobre aquele universo dizendo pouca coisa, como na conversa dos pais e a rejeição das pessoas na rua, apesar de nunca explicar o que realmente torna o protagonista alguém diferente. Um dos destaques é a forma como é apresentado o perigo e a grandiosidade do monstro-baleia. Também destaco a amizade entre os irmãos e a mensagem subentendida no final.

Esquadrão de extermínio

Talvez um dos melhores episódios dessa nova leva. A animação é muito bonita visualmente, adotando uma arte mais realista e com uma construção de mundo bem interessante – além de contar muita coisa pelos detalhes. Esse também é um dos curtas mais sombrios e pesados de toda série, principalmente por envolver o assassinato de crianças. O que mais me chamou atenção é a forma como a história aborda a imortalidade de forma menos clichê, apontando as consequências disso para a sociedade e com uma bela mensagem sobre o valor da vida.

Snow no deserto

Com uma pegada mais Mad MaxSnow no Deserto é outro destaque dessa temporada. Ele também possui um visual realista e é uma das obras com mais violência gráfica explícita – e não é usada de forma gratuita. É interessante como também aborda a imortalidade, mas de forma completamente diferente do anterior, mostrando um dos méritos dessa série. Dá vontade de acompanhar mais sobre esse mundo, descobrir quem mais estaria atrás de Snow e como seria sua vida daqui para frente.

A grama alta

A Grama Alta me lembrou bastante Campo do Medo, de Stephen King, e acredito até que realmente seja uma inspiração. A obra me chamou atenção pelo estilo de animação diferenciado, mas principalmente pela atmosfera de terror muito bem executada. De todos os curtas dessa temporada, esse é aquele voltado para os fãs do terror e do suspense, passando um pouco da agonia do protagonista e criando a dúvida até o fim de que se ele realmente consegueria escapar ou não.

Pela casa

Um dos meus favoritos do Volume 2. Adorei a maneira como o curta começa, criando todo o clichê de uma animação infantil, tanto pelo design dos personagens quanto pela trilha sonora. No fim, temos um twist inesperado, mas que ao mesmo tempo faz muito sentido. É uma quebra de expectativa que funciona bem e foi muito bem pensada. Gostaria de saber o que acontece com quem não se comporta. É uma daquelas obras que dá vontade de ver mais.

Gaiola de sobrevivência

Esse curta me surpreendeu principalmente pela qualidade técnica. Em alguns momentos ele parecia tão realista que eu esquecia que era uma animação. A premissa é parecida com o primeiro curta do Volume 2, mas no lugar da ironia foi colocado bastante aflição e uma resolução sagaz – chegou a me lembrar Ajudinha, da primeira temporada. Ah, e é estrelado pelo Michael B. Jordan.

O gigante afogado

Por fim, tivemos o curta esquisito que faltava. Ele tem uma premissa bem curiosa sobre a história do gigante que surgiu na praia, mas confesso que senti falta de uma resolução, uma mensagem, ou qualquer outra coisa além da narração descritiva. A proposta é ter um tom mais reflexivo, e às vezes até lembra um documentário, mas acho que faltou um melhor desenvolvimento sobre onde a história queria chegar. E fica o questionamento sobre o que é aquele corpo gigante e como ele foi parar lá.

Crítica | Love, Death & Robots: Volume 2
O novo volume mantém a qualidade técnica da anterior, com estilos de animação que vão dos mais estilizados até os mais realistas. Oito episódios parece pouco, principalmente porque as histórias dão vontade de assistir mais.
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