Crítica | Godzilla vs Kong

Escrito por: Gabriel Santos

em 16 de maio de 2021

Franquias que funcionam como um universo compartilhado vêm se tornando uma das novas apostas de Hollywood. A Marvel Studios conta com o MCU, a Warner tem o Worlds of DC e até a Universal tentou criar seu Dark Universe. Já a Legendary, em parceria com a Toho, vem desenvolvendo desde 2014 seu próprio MonsterVerse, culminando no encontro entre os dois kaijuus mais icônicos do cinema em Godzilla vs Kong.

Assim como em outras produções que envolvem embates muito esperados, como Batman vs Superman e até Capitão América: Guerra Civil, a divulgação fez um bom trabalho em criar expectativa nos fãs, onde cada um escolheu seu lado, gerando as hashtags #TeamKong e #TeamGodzilla. Porém, é uma pena que no longa, apesar de entregar um excelente confronto, o espetáculo fica ofuscado pelo roteiro problemático.

Infelizmente, a lição não foi aprendida com os projetos anteriores e, mais uma vez, a pior coisa do filme de monstros são os humanos. Se formos comparar o tempo de tela, ainda temos pouco dos titãs – principalmente Godzilla -, enquanto os outros personagens não têm muito a oferecer, atrapalhando mais do que ajudando ou tomando decisões questionáveis para seguir a trama.

Um exemplo é o trio Bernie (Brian Tyree Henry), Josh (Julian Dennison) e Madison (Millie Bobby Brown), que parece existir só para ter um grupo a favor de Godzilla. Apesar do carisma de Brian, é um pouco problemático que o cara das teorias da conspiração seja a voz da razão e o mais sensato do grupo. Já os jovens atores funcionam mais para atrair um público mais novo e servir de alívio cômico, porque durante o filme acabam apenas tendo falas expositivas e desviando a atenção. Outro problema é a dupla de vilões Ren Serizawa (Shun Oguri) Walter Simmons (Demián Bichir), que não poderia ser mais rasa e óbvia.

Por outro lado, também é preciso fazer justiça e elogiar a relação entre Jia (Kaylee Hottle) e Kong. Sem dizer uma palavra, a atriz transmite muita emoção de forma genuína, além de passar a ingenuidade e gentileza de uma criança. Ao mesmo tempo, a personagem ajuda a humanizar Kong, seja na sequência inicial que o mostra de forma mais pacífica, até a maneira como os dois se comunicam, pela língua de sinais.

Visualmente, o filme está impecável, entregando a batalha entre monstros gigantes que todos nós queríamos ver. Tanto Godzilla quanto Kong estão mais agéis e habilidosos, assim como os efeitos em si melhoraram. Tanto que finalmente tivemos embates durante o dia, um uso da câmera mais inventivo, além dos kaijuus mostrarem emoções nitidamente. Outro destaque é todo o conceito envolvendo a terra oca, que é bem interessante e de encher os olhos.

Godzilla vs Kong entrega as melhores batalhas entre monstros gigantes da franquia, mas ainda não é o filme que os kaijuus mereciam. Além de ficarem em segundo plano para os humanos, o roteiro conta com problemas que não podem ser ignorados e afetam a experiência negativamente.

Crítica | Godzilla vs Kong
O longa conta com excelentes batalhas entre monstros gigantes, mas sofre com o roteiro problemático e personagens rasos.
3.5

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