Sidney Gusman fala do mercado de quadrinhos e sobre a plataforma Bux Club

Escrito por: Pedro Henrique Figueira

em 05 de setembro de 2019

Os quadrinhos estão ganhando ainda mais espaço no Brasil, principalmente pela diversidade de gêneros e o crescimento de diferentes públicos que consomem esse tipo de produto. Pensando nisso, vários editores, escritores, jornalistas e personalidades se juntaram para lançar o Bux Club, um novo clube literário de assinaturas. Na plataforma, que entrou no ar em julho, o assinante recebe todo mês um livro que marcou, de alguma forma, a vida de seu ídolo-curador e, junto com a obra, explicações detalhadas e brindes.

Durante a XIX Bienal do Livro Rio, o curador Sidney Gusman nos contou um pouco sobre a ideia. Ele, considerado um dos maiores especialistas em quadrinhos do Brasil e responsável pelo planejamento editorial da Mauricio de Sousa Produções (MSP), disse que tudo partiu de um convite:

“Na verdade, foi um convite muito querido do meu amigo Marcelo Duarte [jornalista e também curador], um cara que tenho a relação de já ter dado entrevista no programa dele, de encontrar em eventos… Aí ele disse que queria bater um papo comigo, sobre fazer fã-clubes de livros para quem é fã da pessoa. Disse que eu deveria fazer a curadoria dos quadrinhos. Falei ‘Puts’, mas aceitei.”

Ao todo, são 18 fã-clubes com curadoria de nomes como Laerte, a cantora Fernanda Takai, os jornalistas Xico Sá, Chris Flores, o apresentador Marcos Mion, a youtuber Isabella Lubrano, além do próprio editor da MSP. Sidney explicou que foi bastante exigente: “Tive que investigar o formato da caixa, as especificações físicas, para então fazer a escolha do material. Ter o máximo de editoras, também ter autores e autoras, diversos temas… Privilegiar quem não é leitor de quadrinhos, pra pessoa ler e pensar ‘Nossa, é legal ler quadrinhos’. Estou muito feliz com o resultado, que as pessoas estão aderindo, ainda mais que sempre tive essa ideia na cabeça de levar os quadrinhos pra mais gente. E quando alguém assina o clube por ser meu fã, é algo muito louco. Então tenho uma responsabilidade maior, de sempre indicar quadrinho bom.”Página principal do site do Bux Club

“Quando começamos o projeto, escolhemos as 12 obras do ano. O retorno desse primeiro mês está sendo maravilhoso, o pessoal falando ‘Adorei, não tinha esse’. Se a pessoa já tem, caso ela faça contato com o pessoal da Bux Club eles te oferecem um outro livro/quadrinho, isso é bem bacana. O maior barato é isso, gente do Brasil inteiro participando. Vamos fazer o nosso clubinho virar um clubão loguinho”, brincou.

Até hoje, muitas pessoas acreditam que HQs são destinadas para o público infantil. Porém, ele explica que as histórias são para todos.

“Eu pergunto ‘Quadrinho é coisa de criança?’. Todo mundo fala ‘Não’, eu falo ‘É… É também’. O universo dos quadrinhos é rigorosamente como o do cinema: tem para todos os gêneros, gostos e bolsos. Por isso, quando me perguntam se HQ é coisa de criança, eu digo que sim, é coisa de criança, de adulto, de nerd, de intelectual e, especialmente, de quem gosta de aprender, sentir, viajar, sonhar e se identificar com boas narrativas.

Sempre falo isso até porque lancei uma hashtag chamada #dequadrinhosdepresente. Claro que você não vai dar pra alguém, que nunca leu, o terceiro encadernado de uma saga dos Vingadores, né? Tem que chegar e mostrar algo que ele goste. Se a pessoa gosta de romance, pega Retalhos, do Craig Thompson. Uma história sobre primeiro amor, sobre violação de sexualidade. Super forte de vida. Dão até as Graphics MSP, que edito, de presente. Daí a pessoa parte pra outros, é incrível.”

Quem quiser saber mais sobre o Bux Club, acesse clicando aqui.

Recomendações do Sidney:
• Maus, de Art Spiegelman
• A Herança Becker, de Magno e Marcelo Costa
• O Árabe do Futuro, de Riad Sattouf
• Verões Felizes (série), de Zidrou e Jordi Lafebre
• Rugas, de Paco Roca

Redes Sociais: @sidneygusman

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