Crítica | Titãs – 1ª Temporada

Escrito por: Gabriel Santos

em 11 de janeiro de 2019

Os Jovens Titãs são uma equipe muito popular da DC Comics, tanto que já teve duas séries animadas no Cartoon Network, um longa animado para os cinemas e agora chegou a vez de ganhar uma série live-action para o DC Universe. Apesar das diferenças gritantes entre as produções anteriores, a nova proposta para o grupo funciona muito bem e apresenta os personagens já conhecidos ambientados em um mundo mais realista e sombrio.

Assim que o primeiro episódio foi lançado, fizemos as primeiras impressões sobre a série. E podemos dizer que muitos elementos são mantidos até o fim. Para começar, o tom ainda segue a ideia de mostrar como seria se super-heróis existissem de verdade. Por conta disso, os dramas pessoais ganham muito mais destaque aqui, como a dificuldade que é lidar com super-poderes – na maior parte das vezes visto como uma maldição. Além da responsabilidade em ser um vigilante e como o combate ao crime pode transformar uma pessoa, tornando-a violenta e vingativa.

Para retratar isso temos muitas cenas de violência explícita, que causam bastante impacto e incômodo, um dos principais motivos para a alta classificação indicativa. Porém, felizmente a série não usa esse recurso apenas para chocar o público ou tentar ser adulta. Tudo isso existe para construir seus personagens, sabendo dosar o limite sobre o que realmente é preciso mostrar ao espectador.

Desta vez, a equipe não segue a formação tradicional das animações, deixando Ciborgue de fora – pelo menos desta primeira temporada – mas isso não é um problema. Pelo contrário, desta forma é possível se aprofundar em seus personagens e até mesmo conectar suas histórias, o que é feito de uma forma muito competente.

Quem ganha mais destaque é Dick Grayson (Brenton Thwaites), que está vivendo uma fase interessante da vida: quando deixa o Batman e se questiona se deve continuar como Robin. Ele é quem mais carrega as dúvidas se está agindo da maneira correta como vigilante, por perder o controle enquanto combate o crime. Dick também é o responsável por expandir o universo da DC através de suas tramas.

São mencionados diversos vilões da galeria do Batman, assim como participações pontuais de personagens do universo do Homem-Morcego. Sua história de origem é muito bem apresentada na série, assim como suas motivações, além de protagonizar os melhores episódios. Um exemplo é o que conta com a aparição de Jason Todd (Curran Walters), assim como o último da primeira temporada, que impressiona ao apostar em algo inesperado.

Quem também ganha muita importância é Rachel (Teagan Croft), que ainda não é a Ravena que conhecemos. Basicamente, a história que esta temporada nos propõe a contar é sobre a personagem, pegando como gancho o enorme poder que ela carrega. Sua trajetória vai além de aprender a controlar seu dom – que conta com artifícios usados em filmes de terror para explorar o sobrenatural -, como também encontrar seu lugar no mundo. Porém, sua história acaba se perdendo em tantos episódios, pois a personagem não consegue sustentá-la e poderia ser resolvida de forma mais curta e simples.

Kory (Anna Diop), a Estelar, também é uma personagem muito poderosa, mas aqui sua principal característica é a perda de memória que é tratada durante toda a temporada. Porém, esse elemento sofre com uma certa inconsistência de importância, tanto para a própria personagem quanto para a série. Também não conhecemos tanto sobre ela e quando isso é feito, acaba se tornando apressado e pouco desenvolvido.

Mas o personagem mais prejudicado pela trama é Garfield (Ryan Potter), o Mutano. Um dos pontos mais decepcionantes sobre ele são seus poderes, sendo capaz de se transformar apenas em um tigre, quando originalmente o personagem pode virar qualquer animal. Isso perde muito da identidade do herói, que aqui é reduzido ao alívio cômico, muitas vezes ineficiente e destoante. Ainda existe uma tentativa de trabalhar os instintos primitivos de Garfield quando se transforma em fera, além de explicar “quem fica no controle”, mas tudo isso é tratado de forma superficial.

Com exceção do Robin, nenhum dos personagens acima é exatamente o que nós conhecemos. Portanto, ainda há esperança de que eles sejam desenvolvidos futuramente. Enquanto isso, o que temos é uma equipe que está começando a se entrosar e a presença de laços entre eles ficando mais fortes, o que funciona bem quando estão juntos em tela. Porém, isso não acontece muito nesta primeira temporada, pois na maior parte das vezes a equipe está dividida.

Em relação ao visual, que foi criticado por parte dos fãs ainda nas fotos dos bastidores, dentro da narrativa é bastante funcional. O mais fiel e realista é Dick Grayson, que usa um uniforme funcional e tático, o que combina totalmente com a proposta. Enquanto os outros contam com cores e elementos que remetem aos personagens que conhecemos e suas características marcantes.

Quem completa o time de heróis é a dupla Rapina (Alan Ritchson) e Columba (Minka Kelly) que têm o que acrescentar na série e são muito bem-vindos, apresentando uma boa dinâmica. Mas o que diverge do universo criado são seus visuais, parecendo que eles fazem parte de outra realidade. Ainda contamos com a Patrulha do Destino, que ganhou um episódio e vai ter sua própria série em breve, servindo basicamente como uma introdução dos personagens.

O uso dos efeitos visuais da série conta com altos e baixos, que podem ser justificados por conta do orçamento. Por exemplo: algumas habilidades, como as de Kory, são bem executadas, mas o Tigre de Garfield não passa realismo – e não estou falando da cor verde. O mesmo acontece nos efeitos aplicados em sequências de ação que demonstram agilidade ou força sobre-humana, como também podem ser notadas nas séries da DC Comics na CW.

Outra coisa que a série deixa a desejar é um vilão – ou equipe de vilões – marcante para que nossos heróis pudessem enfrentar. Tivemos a presença de uma versão da Nuclear Family, além do verdadeiro antagonista, que ainda não convenceu por não ter tempo suficiente de tela para isso. Ele pode ser a grande ameaça da segunda temporada, mas nada foi pensado à altura para que a equipe fosse reunida na primeira.

Mesmo com alguns problemas, que podem ser corrigidos na próxima temporada, Titãs é uma ótima aposta da DC Comics para criar um novo universo. Uma forma de recontar a origem de personagens já conhecidos, através de uma nova proposta mais realista e sombria. É um início promissor para o DC Universe.

Crítica | Titãs – 1ª Temporada
Titãs traz um início promissor para o DC Universe, sendo uma série que alia bem a ação, violência e essência dos personagens. Mesmo com alguns problemas, a série traz uma nova proposta mais realista e sombria para as produções da editora.
3.5

Compartilhe!