A DC, definitivamente, está se concentrando em investir na conexão de seus universos. Fora dos cinemas, isso acontece na maioria das mídias onde a editora está presente. O melhor exemplo disso são as próprias séries da CW, que chegam em seu quarto grande especial com a Crise nas Infinitas Terras. As animações também são bem ousadas, já que até o Scooby-Doo se encontrou com o Batman. No caso, Os Jovens Titãs em Ação vs Os Jovens Titãs, lançamento mais recente, decidiu unir as duas versões de um grupo de heróis em alta. A ideia resulta em uma adição divertida ao catálogo, e isso já é o bastante.
Diferente de Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas, este longa animado foi lançado diretamente em mídias físicas e plataformas digitais. Aqui, o excêntrico Senhor dos Jogos quer definir qual versão dos Titãs é a mais poderosa. Assim, ele sequestra e ameaça ambos os grupos, fazendo-os lutarem entre si. A premissa, em si, é uma grande (e ótima) desculpa para reunir os personagens, já que a trama completa segue pela autoparódia, como fez o projeto anterior. E essa nova animação acerta precisamente no ponto chave: rindo de si mesmo.
Assistindo ao longa, percebe-se que a equipe por trás, principalmente os roteiristas, possui plena consciência do que está fazendo. Ao utilizarem referências e conceitos de outros filmes, a proposta soa, mais uma vez, como uma ironia aos blockbusters de super-heróis. Temos, então, claras “cutucadas” na Marvel Studios (como uma arena de batalha similiar a de Thor: Ragnarok (2017) e uma sequência “à la” Vingadores: Ultimato (2019). Tudo sempre em um tom cômico, tanto que frequentemente vemos os Titãs se zoando entre si, comparando as alturas e chamando uns aos outros de bebês e altões. Para quem não sabe, existem fãs que simplesmente não aceitam a animação atual. Então, o projeto aproveita isso para desenvolver piadas, colocando até um engraçado hater.
A batalha dos grupos resulta em vários momentos ótimos, por meio de uma sequência que lembra a dinâmica de quando os jogadores escolhem os mesmos personagens para se enfrentarem. As Ravenas proporcionam a melhor interação, justamente pelas possibilidades dos resultados de seus poderes, além de serem o foco central do enredo. Comentando sobre a paródia, ela também faz a trama andar, mostrando que tudo tem sua utilidade. Claro que isso não é sinônimo de qualidade (o filme dos cinemas pecou pela falta de criatividade), entretanto, a diversão é garantida.
O que realmente incomoda são as subtramas já utilizadas em ambas as franquias, caindo nesse erro da repetição. Trigon, o pai da Ravena, reaparece, e a filha possui os mesmos problemas. Como ela é o principal catalisador para as ações dos personagens, o enredo soa prejudicado, sobretudo pelo encerramento ser idêntico a um episódio de Os Jovens Titãs. Ainda tem a questão do Robin, pois novamente seu egocentrismo é pontuado, só que nada se resolve. O longa animado fica, então, nessa problemática de roteiro, acertando na essência cômica e paródica de uma história pouco inédita.
“Ganhar tempo de exibição”, frase dita pelo Ciborgue, talvez seja o que define muito de Os Jovens Titãs em Ação vs Os Jovens Titãs. Apesar dos problemas e falta de inovação, o épico crossover diverte e traz enormes surpresas, tanto para os fãs da DC, quanto para os amantes dos quadrinhos em geral. Abrace ambos os universos, pois assim aproveitará muito mais.