Crítica | Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw

Escrito por: Gabriel Santos

em 01 de agosto de 2019

A franquia Velozes e Furiosos é uma das mais longas do cinema. A partir do momento em que os filmes deixaram as corridas de racha em segundo plano e passaram a focar na ação, eles conseguiram se renovar, aumentando sua escala gradativamente. O sucesso é inegável, e as adições no elenco deram tão certo que Dwayne Johnson (Luke Hobbs) Jason Statham (Deckard Shaw) ganharam seu próprio derivado, apostando na boa química entre os atores. Desta vez, os personagens precisam impedir que um vírus letal de escala global caia nas mãos de uma organização que pretende “purificar” o mundo.

O longa se baseia, principalmente, na dinâmica entre os protagonistas da trama. O mais interessante é que Hobbs e Shaw são designados para a mesma missão mas, ao invés de trabalharem juntos, eles ficam competindo e se provocando, gerando várias cenas divertidas. A fórmula é segura, visto que já esteve presente em Velozes e Furiosos 8, mas a dúvida era se isso sustentaria um derivado. Neste caso, a oportunidade está em explorar esses personagens que tinham pouco tempo de tela em meio a tantos outros na franquia principal.

Apesar de óbvio, o longa faz um ótimo trabalho em mostrar as semelhanças e diferenças entre os dois, tudo com muito bom humor. Há o uso da tela dividida com paleta de cores diferentes, para apresentá-los de forma comparativa, incluindo suas rotinas, estilos de luta e até o tipo de veículo que usam. Vale destacar também que esse é o filme da franquia com menos “Velozes” e mais “Furiosos”. A quantidade de veículos é reduzida, assim como as sequências com eles, se resumindo a perseguições. O combate foca mais no lado humano e nos diferentes tipos de armas.

Hobbs é mais bruto, rústico e seu arco envolve a reconciliação com seu irmão. Somos apresentados às suas origens em uma sequência em Samoa, que se difere por fugir do meio urbano. Até a música muda para um ritmo mais tribal e energético. Shaw tem um estilo de vida mais luxuoso e um combate mais tático. Seu arco tem uma ligação mais direta com a trama principal por ter um passado com outros dois personagens. Sua irmã Hattie (Vanessa Kirby) é uma agente do MI6 que ajuda a dupla a manter o vírus longe de pessoas perigosas. Ela é uma ótima adição ao elenco pois, além de não ficar atrás nas sequências de ação, também conta com habilidades de hacker. Já Brixton (Idris Elba) é um velho inimigo de Shaw que agora possui um corpo modificado, permitindo que faça coisas sobre-humanas, como ter super-força e prever a ação dos adversários. Ainda há alguns cameos inesperados, com pelo menos um grande destaque que certamente vai agradar a todos. É a melhor aquisição da franquia desde os próprios Dwayne Johnson e Jason Statham.

Como já era de se esperar, o derivado conta com muitas cenas de ação. Ele reúne dois grandes nomes do gênero e o diretor David Leitch também tem projetos de peso no currículo, como Deadpool 2John Wick: De Volta ao Jogo e Atômica. As sequências são bem filmadas, existe a variação do estilo de combate de cada personagem e a mistura da comédia com ação funciona. Porém, o projeto carece de momentos mais marcantes e até um confronto direto entre os protagonistas. Caso você não goste de filmes de ação “mentirosos”, esse definitivamente não é para você. Em diversos momentos os personagens fazem coisas que desafiam alguma lei da física ou a capacidade humana, mas também é o que mais assume o lado “super-herói” da série.

Este spin-off possui pouco mais de duas horas de duração, mas ele poderia ser mais curto. A montagem dinâmica e a boa movimentação fazem um bom trabalho para nunca deixar a trama parada. O que peca são os alívios cômicos, pois, mesmo que funcionem, o filme costuma privilegiá-los em relação à história. Há também o caso de piadas que se alongam demais e, consequentemente, perdem a graça.

Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw é um caminho interessante para a franquia, com fôlego para seguir de forma independente. Ele certamente vai agradar aos fãs da série principal, mas dificilmente mudará a opinião dos que não gostam de filmes do gênero. Vale ser apreciado em uma tela grande e com som potente.

Crítica | Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw
É o longa da franquia que mais se assume como filme de "super-herói", além de saber aliar comédia com ação, principalmente pelas provocações dos protagonistas. Porém, o caráter escapista torna-o esquecível, com poucas inovações e momentos marcantes.
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